Quero
andar no caminho e chegar às margens de um rio limpinho. Sempre
procurar uma flor para plantar nos meus sertões em desalinho.
Quero ouvir uma canção bem singela e ouvir o gorjeio de
tônicas leves de passarinhos. Ter alma leve e dançar nos terreiros
de ribeirinhos; numa vida tão singela, onde desabrocham as
flores e frutos dos espinhos. Voar o voo dos pardais e viver a vida
simples, dos calmos moradores de quintais. Quero esperar para os meus
caminhos os sinais. Quero andar sossegado nessas margens, onde encosto meus rios. Deixar para trás a poeira de todos meus desafios.
Quero a música leve dos habitantes dos matagais. Quero sentir a emoção
dos sons singelos e orquestrais. Quero sentir sempre o cheiro do frescor de
todas as manhãs! Sabor, café, canela, os
pingos de orvalho nas hortelãs. Sempre chego sonambulo nesse sonho que verte
as águas do meu rio. Sempre me entrego às cores deste meu mundo
real e, às vezes, fictício. Quero abrir os olhos e visualizar a beleza
aberta das frutas das romãs. Eu quero os pensamentos singelos e a
conversa descomplicada fora do leito dos divãs. E se acaso retornar aos rios
caudalosos e perigosos dos temporais: eu quero o cheiro singelo e doce das
flores lindas das maçãs. Quero acordar-me por inteiro, com o cheiro de
terra molhada, com o perfume doce dos lindos roseirais. Querer
o sabor doce das frutas, da leveza das avelãs! Ser singelo e sereno no
olhar de minhas duas estrelas irmãs.
by Betonicou
Arte:judith clay
Desejo a todos os meus amigos, muita leveza e um feliz natal!