As asas leves que aplumam as minhas emoções me levam ao ninho
acima daquela serra. Cortam o espaço deste mundo fazendo-me dar adeus àquela terra. Não são causas: as
folhas passageiras que despencam em todo canto e, nem são as feridas dos espinhos
das laranjeiras, nem as pontiagudas agulhas das roseiras que ferem a quem delas
cuidam nos belos jardins de encantos.
As asas que aplumam minhas ideias tão sonhadas, são as
canções das lavadeiras das encardidas roupas das crianças brincadas. São as lágrimas das carpideiras que emprestam
o choro de águas para as faces secas e caladas. São as canções dos violeiros, que fazem saltitar
dançante; é a leveza dos balões. É vento
que carrega emudecido ou misturado aos gritantes trovões.
Minhas asas são ideias aplumadas ou emplumadas de reais
fantasias. Divagadas nos sonhos ligeiros: feito flores que são estrelas destes
singelos canteiros. É fumaça que se mistura às brisas das infantis noites embaladas.
É cometa vagante de criança adormecida em seu próprio ninho. É nave do que visita
o horizonte de quem está sempre sonhando, em leves delírios de passarinho.