É da pedra que tiro
meu silêncio e meus olhos veem a nau no mar, ante um grito sufocado. Lá vem
ela, estrela trazida pelas ondas e ventos, conforme, eu aqui, ainda me vejo
calado. Sinto esse ar rasgado pelos bicos dos seres que se escrevem nas nuvens
por onde pousam suas suavidades aladas, enquanto sobre a areia, apenas uma
pedra me eleva para onde as velas se acendem às minhas lembranças agora
acordadas. Há pensamentos silenciosos que gritam internos: amplificados pelo
anseio. Lá vem ela, toda graciosa! Grita o meu silêncio acovardado sobre a rocha
na enseada, observando a nau trazida pelo vento, para fazer falar meu vazio de
palavras. São com os passarinhos que aprendo a elevar meus anseios singelos
e, são as formigas, que me inspiram a força de preces. Porque trago em mim a
timidez da inércia das pedras e, quando calado, é que alcanço a cintilante poesia
aérea dos vaga-lumes. Me veio querida à mente que trabalha um coração
invernado. Me veio estrela, tal qual soneto de luz, a iluminar-me pulsante a
noite sem lua.
By betonicou
,
Arte: johanna wright