Caiu do céu uma flor e despencou-se,
de meus olhos.
Caíram folhas e entornaram os anjos
que voejavam meus sonhos.
O universo vomitou os seus corvos
na minha rua.
As bandeiras já não tremulam
as minhas cores brancas.
Saíram para passear e não retornaram
as minhas ovelhas.
Tudo é soma, até a sorte
que nos deixa e despreza.
Tudo é conquista, pois até o que se perde,
às vezes é sorte que se ganha.
Caíram do céu e despencaram-se
as nuvens macias do azul.
Porém, o azul é lindo e as nuvens
embaçavam- lhe os sentidos.
O que é o frio, senão o escuro
sem calor que nos envolve ou,
o silêncio que buscamos na
música que nos fere os ouvidos?
A minha paz é branca, porém a guerra,
é que tinge minha bandeira.
O universo canta o meu silêncio,
porém meu frio pede lã.
Ainda caem tempestades onde
apenas o orvalho é necessário.
Não, ainda digo que não sei onde
caem as minhas flores!
A certeza, é que caíram de mim
no fechar dos meus olhos.
O azul é lindo, porém, é o marrom
que se aproxima;
dia a dia.
Meus pássaros imaginários cantam e,
voam nas minhas preces.
Oh, o inverno chegou e minhas asas
congelaram-se no seu voo!
Mãos se aproximam e não me
deixam cair sobre
meus próprios espinhos.
As minhas preces são elevadas
e entregues em bicos de pífaros.
Digo que não sei! Finjo que não sei
da luz que se apagou.
Eu sei que caiu aquela flor
e minhas águas desaguaram.
As minhas preces foram ouvidas
e ditas a mim pelos gorjeios.
São os pássaros, a me carregarem
no balaio do meu sono.
E eu estive onde o ar já não
sustentava as minhas asas quebradas.
As nuvens que caíram receberam-me
no macio do seu conforto.
Eram agora, melhores que o azul
que se pôs distante; no infinito.
Branca é a paz que circula as janelas
para o meu mundo interno.