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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Despedida © Copyright


Ouço tua voz, esse teu som rouco e sedutor. Vejo esse teu jeito cético de fazer amor. Essa tua boca tem perfume, te beijar era costume, mas em teu jardim um tanto árido não pude descansar.

Fazes da vida o que bem queres, e outro amas, e fazes o pouco que podes. Revirando a mesa trazes à tona a tristeza. Fazes da minha voz interior uma incerteza. Ouço a canção da despedida, e toda a lucidez foi diluída. Essa paixão é a mais sofrida, porém o amor cura aquela dor tão ressentida, e o desejo tolo se calou.

Vejo o teu corpo andar pela minha rua, e não sinto a essência; talvez, disso estejas nua. Essa tua boca perdeu o perfume de vez, e pode até ser coisa de ciúme, e eu não quero mais gostar. Da tua boca perdi o costume, mas sempre o coração não sabe como se aquietar. Fez bater forte para eu dançar de novo. Os teus olhos, é o que procuro, para ver se há céu para poder sonhar. Essa ilusão toda vergonhosa, sofrida e desmerecida faz querer retornar para a vida, antes sossegada e tão divertida; bem antes da boca mais linda e sedutora, que o meu beijo jamais beijou.


Betonicou©

arte:batik pictures abstraction
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

domingo, 15 de novembro de 2015

Nau do embriagado © Copyright

Quero navegar por este corpo, feito uma nau embriagada, e quero equilibrar-me por essas ondas, feito causa quase naufragada. Quero Levantar minhas velas, para ver se navego mais perto. Quero pegar um Vento forte, até chegar às tuas praias de surpresa; todo descoberto. Quero Ver a tua roupa no varal, toda pendurada; quero te ver miragem. E ao Ver-te toda nua, feita de ondas embriagantes, quero criar coragem. Agora Bateu forte o desespero, nesta vontade de total destempero. E cá estou, nessa minha nau quase naufragada, neste teu tolo exagero. Quero mesmo É aportar de novo, fazer um chamego doce, com toda a minha malandragem. Quero beijar a tua boca, sem o ácido dos beijos loucos; que é para fazer triagem. Quero o veneno dos teus cabelos, que entorpecem os meus sentidos, de desespero. Quero dançar a dança deste teu corpo, ter passos embriagados de tantos exageros. Quero não me lembrar das causas recentes, de tudo que falamos, ou o que a gente viu. Ou dos rumores descrentes. E quando a gente percebe alguém já partiu. Partiu para um mar dessa vida, sem volta, ou destino de onde parar. O que eu quero mesmo, é brincar de esconde-esconde, mas sempre deixando-te me encontrar. E a Gente vai navegando nas ondas mansas, ou de tão apavoradas, que nunca a gente viu! Mas partimos com o barco todo cheio de tudo, que a gente fez, e sentiu. E esse mar que me abraça. Fazendo não querer mais aportar. Mas eu quero Mesmo, é a vida da terra. Quero a tua praia mansa. Para de tudo enfim poder descansar, e brincar…


Betonicou©

sábado, 17 de outubro de 2015

Miragens © Copyright


Enganei tudo e nada enganei. Foram tantas armações e são tantas divagações
Que me indaguei: Por que enganar a vida, se a morte não se engana?
 
Enganei meus próprios versos e escrevi o que hoje está sendo revisado.
Arrependo-me, por não ter ao menos uma vez, enganado o tudo que se fez nada.
 
Enganei os céus e pedi chuva. Enganei o sol, pois queria a lua.
E enganava a lua querendo o sol. Enganei o ar, pois queria fumaça para preencher meus pulmões.
 
Enganei quase tudo e não enganei os caminhos do coração.
Enganei as minhas estradas quando escolhi outros caminhos
E escolhi enganar de amar, a ser enganado de ser amado, não odiar e ser odiado.
 
Enganei o universo, pois subi acima do que para mim estava permitido.
Nos meus delírios voei além dos limites.  E enganei a mim!
Eu queria ganhar e não perder. Porém às vezes, quando perde engana-se de ganhar.
 
E enganei todos os sons, quando emudeci. Enganei as águas, quando nadei contra as correntes.
Enganei as minhas mãos, quando toquei as brasas que queimam.
E enganei as lindas janelas, quando escolhi apenas observar o adeus.
 
Enganei minha própria face, quando deveria sorrir e não chorar a despedida.
Enganei a inocência, quando aprendi a olhar e desejar.
E enganei-me de inocência, quando veio o desejo e desviei o olhar.
 
Enganei todos os meus medos, quando enganei a mim mesmo e tive coragem.
Enganei o meu peito, quando de amor sofri; e bastava apenas suspirar e respirar leve.
 
Enganei e enganei! Mas eu queria mesmo era enganar meu coração, alimentá-lo da minha razão.
 
Mas enganei a própria lógica do meu raciocínio. E escolhi não me enganar de frieza.
 
Enganei todos os sentidos, mas não enganei o meu modo de enganar a vida.
 
Sim, enganei todos os caminhos da desistência! Enganei os versos vazios e enganei-me, quando resolvi enganar-me!
 
Enganei-me escrevendo para a vida um verso torto nas linhas da minha imaginação...
 

 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Satisfação © Copyright

Sorria, meu eu, tão gentil
Cante uma canção, solte uma
 risada
Ria das loucuras, desse eu tão
imprudente
Faça do horizonte uma luz que
 guia a estrada
 
Sorria suave, como o sopro do
vento
Sorria macio, como as flores
 visitadas
Cante uma alegria, digna de
gargalhadas
Abra o coração, deixe-o pulsar
 contente
 
Sorria um novo horizonte, que
 brilha um sol
E faz brilhar o rosto da gente
Receba a chuva de pétalas, tão
 delicada
A vida é como os lírios, fortes e
 fragilizados
 
Aventure-se nas questões, sejam
 amenas ou loucas
Sorria todos os riscos, a vida é
uma aventura
Veja com os olhos as cenas, as
belas e as duras
Sorria, pois tudo é novo, a cada
dia que se inaugura
 
Sorria a noite escura, que
 esconde o que nos fere
Mas veja e escute a vida, que nos
ensina pacientemente
Pois de estreito, já nos bastam
 as dores das paixões
Sorria as ocasiões desajustadas,
pois nada é permanente
 
Sorria! A vida pede brilho, e o
 sorriso é leve e quente
Nem tudo é deprimente!
Na vida existe amor, que ocorre
 lindo e naturalmente
A vida pede mesmo é um sorriso de
amor, para ajustar as frases
 desesperadas.

 


Betonicou©



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Raízes © Copyright



Estamos todos sós! E também as matas e os curiós. Somos brisas, tão perdidas nos caminhos e o que nos resta são os traços desse desassossego… há fumaça onde eu moro e não há fogo sob o cozido, mas há calor na morada da paz e cada um, num canto, canta o que não está de tudo perdido…

Estamos tristonhos de dó, porém o sentimento é um só… estamos tão sentidos no desalento… tiram-nos a paz e roubam-nos o nosso sustento… vejam as matas, onde nascem nossos ribeiros. Somos ribeirinhos, de todas as casas; Filhos dos mesmos canteiros! Entoamos os mesmos cânticos de piedade… E a temporada das queimadas que matam em nossos quintais abriram-se… queimam sem dó, os nossos celeiros.

É um sonho de dó, esse que acompanha nossos a sós… feito um sonho desaparecido… Feito as Marias fumaças que trilhavam lindas, num vagar bem ligeiro. Ainda matam nossas matas, secam nossas lágrimas e encurtam nossas cachoeiras; fazendo do árido, o triste roteiro… Nossos sentimentos e nossos sonhos são podados por inteiro… somos as flores secas, dos antes lindos campos de girassóis! E o que nasce e envermelha os nossos olhos, é um choro molhado pelo azedo, tosco e negro nevoeiro.

Há uma febre, e essa não passa… há delírios de esperança nos terreiros! Pois ainda temos a certeza de que o "sofreu" canta e gorjeia; o que todos sofremos… E os nossos sonhos são verdadeiros! É essa esperança que nos mata de saudades, nessas nossas trincheiras… E ainda fazem frios, os nossos lençóis e queimam nossos pendões, por suas próprias e negras bandeiras! Porém, ainda nasce a água clara e doce ribeira. É a consciência que brilha em todos nós, no azul de nossa verdadeira fé estradeira… pois somos, todos molhados e regados, pela imponente, pura e sagrada natureza brasileira.



Em meio ao silêncio da vastidão, Onde a fé e a esperança se encontram, Caminho na trilha da canção, “Romaria”, que em meu coração se encantam.

Vejo a lua, a iluminar a estrada, ouço o vento, a sussurrar segredos, sinto a terra, sob meus pés descalços, E o céu acima, repleto de enredos.

A cada passo, uma prece silenciosa, A cada suspiro, um desejo profundo, na romaria da vida, tão misteriosa, busco respostas no mundo.

Inspirado na melodia suave, de Renato Teixeira, tão amada, escrevo este poema, como uma chave, para a jornada da alma, iluminada.

Betonicou©

sábado, 22 de agosto de 2015

Soneto à minha realidade © Copyright

Vem, minha alegria, pousa nua, em mim,
 serena,
Confessa ao peito meu, desnuda este querer.
Revela quantos beijos beijei, em cena,
E a quantas travessuras de amor me 
entreguei, a ver.
 
Em quantas janelas, te esperando, me
 debrucei,
veja minha realidade, onde mora uma
 saudade.
Brinque, diante dos meus olhos, que são
 janelas
da minha vaidade.
 
Adentre, expulsando do peito, essa tola 
verdade,
Pois a escura nostalgia, apenas nos coloca
 nos olhos, um tom piedade.
Vem e mostra-me, aquele tão pouco, aquilo
 que
De tão louco me fez empobrecer.
 
São as minhas lembranças, essas minhas
 heranças,
Que de tão pecados, só faz entristecer!
Faça de mim sua rua, porque de alegria,
Jamais alguém pode sofrer.


Betonicou©


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

voos ávidos © Copyright


Eu não sei onde estou! Ainda não me encontrei… espero que eu seja diferente, do jeito que eu sonhei, pois não sei aonde vou, ou se alço voo das ruas apertadas. Sou passageiro das aventuras, destas vias desesperadas.

Nas ladeiras da vida, foi onde me derramei, quase por inteiro. Das íngremes subidas, foi onde me despenquei, tão brasileiro! Eu passo pelas ruas escuras, procurando diversão… Eu avisto as calçadas, onde repousa dormindo, toda essa minha razão.

E sempre procuro algo desigual, em todas as avenidas por onde eu passo. Aí eu vejo as “Marias” desfiguradas… feito um quadro distorcido de Picasso. Eu não sei como se desfigurou todo esse meu tempo presente… Eu só sei que pulsa este meu coração, intranquilo; quase sempre indolente.

Eu não sei pra onde subir! Tenho asas de papel machê. Eu só quero voar leve, feito um anjo inocente. Eu quero ser o mocinho dos filmes infantis de matinê!

E nem sei se voei em meus delírios, todo aquele meu sonho ausente. Eu não sei mais nada das ilusões. Estou bem aqui, todo prudente! Eu sou assim, todo pulsante; sinto-me tolo, emotivo… Eu sei quase tudo dos meus medos. Quero um sentido para amar; eu quero um motivo.

Os meus olhos veem nos céus, todas as nuvens do meu juízo! E minhas partidas são um adeus de acenos; não meros comedidos. Eu também sou paixão transloucada, sou paixão às vezes, dos amores desmerecidos. Eu sou todo igual, ou diferente. Sou complexo, ou sou simplesmente.

Eu quero que um vento me procure, pra subir também bem brasileiro! Eu quero cantar outra vez e sorrir, sem choro, e pousar sem desespero.


Betonicou©

domingo, 19 de julho de 2015

Caminhos © Copyright


São como fios de cabelos que se entrelaçam por caminhos escondidos. São como unhas que raspam meus nervos Sensíveis aos sons estendidos.

São todos os meus poros abertos aos açoites gelados do vento. São todas as impressões que meus olhos não veem, mas meus dedos sentem.

São todos os aromas que minhas narinas captam e proíbem. São todos os ruídos que minha garganta emite, por uma língua inquieta e atrevida.

São estes meus sentidos que despertam meus desejos reprimidos. São minhas orações que tomam Direções contrárias aos pedidos.

Eu arranhei todos os meus sons! Eu cantei uma música sem medida! E eu acertei a tempo, no seu compasso, uma música que traz as lembranças de todo o meu eu passado e preso.

E agora surgiu, singelo e oportuno, todo a tempo! E percebo fios deste espaço, onde pendurados estão nossos jeitos. Eu percebo um palco, onde somos marionetes dos defeitos.

Porque se serve de consolo: “O abandono é a ausência da desesperança”. A solidão tem seu jeito mórbido de buscar, com tempo, a esperança.

São frios os momentos duros, em que precisamos nos buscar aflitos. E eu hoje sosseguei esse eu, pois mergulhei na consciência de que faço parte deste universo Usual ou esquisito.

São todos os olhares e cheiros, onde marcamos a partida de um novo começo. E as lembranças, às vezes, são apenas retratos em uma sala vazia que enfeitam sem apreço.

Eu hoje refiz os caminhos entrelaçados numa só linha que caminha serena pela alma. Segui adentro... desfiz de todos os sentidos que prendiam esse meu eu interno. Trouxe-me todo de dentro.


 

Betonicou©

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Iguais ©Copyright


Tem certa gente que nasce em berço tão contente
Tem certa gente que não sabe onde ficar
Tem gente na varanda vendo o sol lá no poente
E tem a gente que não sabe onde pousar
 
Tem as pessoas que têm o riso tão de repente
E tem a gente que tem que rir pra não chorar
Uma esquina pra escolher o tão frequente
E muita gente que se perde pra se encontrar
 
Tem gente que acena pra quem volta distante
E tem os acenos que o coração faz apertar
Uma saudade, apenas uma, nos consome
Ai querer, uma canção pra recordar
 
Tem as pessoas que parecem ser de um mundo tão distante
E sempre tem alguém que nunca pertence a nenhum lugar
O sonhador que voa nos pensamentos divagantes
E a realidade que sabe onde o coração descansa e onde o peito pode repousar
 
E vontades, é o que tenho de tão latente
Uma esperança que águas turvas não possam ofuscar
Uma aquarela de cores lindas e marcantes
E todas as cores do mundo e ninguém cinza para apagar
 
Uma canção que toque o surdo e esse sorrir pra gente
Uma poesia que o mudo declame e nos ensine o que falar
Uma nova versão de o homem nascer tão gentilmente
Ao vir ao mundo sorrir e não chorar
 
E toda gente saber que somos uma só aquarela
Deste mundo de cores tão vibrantes
Somos uma só gente, com a mesma vontade de viver e de sonhar
Iguais

Betonicou©

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Emoções © Copyright


Coração, se disser, nunca digas adeus. Faça então uma prosa, uma poesia sem voltas, com versos teus. Beijos são frutas envenenadas, com gosto de amor. É poesia molhada, pelo resto das chuvas de um devaneio sedutor. Seja eloquente ou tímido, talvez…, mas não faça nada que desencante a doçura orquestrada, pelos sentimentos da vez. Mas peço cuidado, nunca faça por mim. Nunca faças o vazio ser a minha retirada das paixões mal concebidas; não quero assim! Desconheça qualquer terreno vazio, sem flor, sem pudor. Desconheça as ruas descaradas, declaradas de vício e despudor. Seja de amor à fluidez! Sejam emoções claras; espero de ti ao menos a lucidez. Não, não te esqueças! Nunca chores por mim! Não quero rosas, e nenhuma flor, pois espinho vem junto com cenas de amor. Se virtude ou vício, foi desde o início, que foste assim… quero a razão que faz de todos os cuidados, versos bem fraseados, de juras sem fim. Que vejam minha nitidez, em disfarçar meus conflitos, na presença de toda fugaz timidez… Coração, desconheça todas as cenas, todos os gestos vazios. Que desconheçam de mim, os sentimentos vadios; se ternura ou fases de cio. Que seja de minha razão, a última palavra, a afastar-me do delírio. Mas peço, por favor! Que vivas talvez. Mas nem sempre sem pudor. Seja a paixão repousada na razão. Às vezes, a minha gelidez. Quero pulsar sereno essa vida, e sempre amar calmo outra vez.



By betonicou                                ilustrações de  Albena vatcheva

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Inverno © Copyright

Tão frio aqui!
O inverno mais gelado, toda a
 pele endurecida;
Tudo pede mais cuidado. A lua e o
 sol são sempre um encontro
desmarcado. Simplesmente frio,
 mesmo que o calor aconteça.
Quando se planta, talvez nem tudo floresça.
Quando o tempo
desfalece. Quanto de bom, quanto
 de ruim, ou neutralidade, que
ao seu tempo envelhece. Eu
voltava dos meus caminhos
trazendo
um cheiro; trazia um jeito que
 envaidece. Voltava de todos os
risos e gemidos. Mas sempre
 trazia comigo uma prece. Tão frio
aqui! Onde o sol esconde-se, e as
 nuvens se apertam no vazio,
de um ar tão deserto. As minhas
 preces cavam o meu espaço.
Mas meu falar ainda está incerto.
E eu ainda trouxe esse ar que
traguei do vazio, e junto à minha
 pele, as gotas de suor, e as gotas
de um rio. Eu voltava dos meus
 horizontes, onde bifurcava todos
os meus mundos. Porém, ainda aqui
está tão frio.
 
Tão quente pode estar,
onde a alma toca, e faz nascer
 uma só
sintonia. Quando as mãos apertam-
se, e os corações puderem
pulsar numa só e leve sinfonia. E
 pode ser assim! Quando os olhos
encontram-se, e as estrelas sobem
 até o céu de alguém. E pode até
ser assim! Onde o mar encontra
seus rios, e as almas encontram
seus
entes também. Tudo pode ser,
 quando o sol e seus raios
 dourados de poesia
despontam. Sim! Tudo pode
acontecer quando no horizonte,
todas
as poesias apontam. Tudo pode
 acontecer, quando a lua entra em
 seu
lugar, e a escura noite se
enriquece. Tudo pode ser, a todo instante,
quando tudo de nossa alma sai, e
 enobrece. Então nada pode ficar de
mal sobre tudo. Nem sempre somos
surdos ou mudos. Nada pode ficar
 eternamente, tão frio assim.

 .


By betonicou


terça-feira, 9 de junho de 2015

Cativos © Copyright

De todas as mulheres, tu és sempre a mais fácil. E o que faço de mim? Faço de mim vaidade. Faço de mim todo cuidado para agradar-te, sou sempre assim. Faço de mim uma rua, onde passeia nua, numa meia-luz. E tu vagueias, vaidosa, feito flor em teu jardim, audaciosa, toda conduz.

De todas as mulheres, é a verdade infinita que toca em mim. É a poesia que sou, minha musa inspiradora, embrulhada em lençóis brancos de cetim. Agradar-te é meu refúgio e os meus olhos enchem-se de brilho com a tua luz. E eu vagueio nos teus caminhos de amor e teu jardim, todo sedoso, induz.

Tu és os meus delírios e todos os meus sentidos tornam-se rubros, carmesins. Fazes de mim vergonhoso, e trazes à tona o que sou. Meus segredos de amor dos botequins. Agradar-te é sempre um risco, mas em meus delírios, és a minha luz. E eu aceito teus gestos de amor! O teu jeito agora solto, é o que tudo seduz.


Betonicou©

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Seja simplesmente © Copyright


Quando o amor se despedir, feche a porta com suavidade,
Evitando que outro desejo se aloje no coração outrora ocupado.
E quando o adeus bater à porta, tranque a alma,
Para que a escuridão não se instale no crepúsculo do amor.
 
Mesmo que não seja para sempre, pois o coração, resiliente, sempre suporta,
Fraco ou forte, mas não tem jeito; temos um universo a aprender.
Quando o vazio preencher seu quarto, abra as janelas; deixe o amanhecer!
Quando o dia nascer, peça à vida, peça um sol se o céu escurecer.
 
Fraco ou forte, de todo jeito; tudo é jeito e tempo de sonhar.
Peça um som, e abrace a sorte, é sempre jeito de sentir, de encantar.
Somos brisas soltas destes ventos, somos folhas soltas para amar.
Quando sair, não feche a vida, não se esqueça de você.
 
Faça tudo, e diga:
A minha felicidade eu mesmo faço! Somos a certeza das chuvas, e não apenas do porquê.
Nossas lágrimas são águas que retornam a todo instante.
Sempre seja todo o seu jeito, de sorrir ou de chorar.
 
Faça tudo, todo seu espaço, o seu tempo de sentir, e de levantar.
Somos o que somos... Sussurros ou gritos; Somos sempre toda estação.
Faça de tudo que morre, uma vida... Faça de você uma canção!
 
Faça então florescer o seu jeito de cantar.
A felicidade é um encontro, basta você aceitar.
Hoje é tempo, é o espaço... Temos tudo de bom pra sorrir, e pra plantar.


Betonicou©

terça-feira, 28 de abril de 2015

Abstração © Copyright




Meu sono e meus sonhares, são
 parceiros dos meus sentidos.
Descanso num sono leve, mas ao
 sonhar, desperto meus gemidos.
Quando profundo, os meus sonos,
 aí vêm os pesadelos.
Meus sentidos leves tentam
emergir, para trazer à tona os
meus sonhos belos;
os intensos, são os meus
 flagelos.
 
Meus vagos momentos de sonhar,
 são a minha realidade, pouco
vivida.
São brisas de instantes leves e
 são estações, sempre atemporais.
É uma rápida passagem pela razão;
em meu sonho diluída.
Meus sonhos são meus segredos.
 Emergem de minhas sensações.
São os planos de meus mundos,
sãos ou insanos, e são minhas
 harmonias e confusões.
 
Meu sonho é um descansar profundo
 com minhas pálpebras cerradas.
Não quero divagar sem rumo, com
as percepções embaralhadas.
Meus sonhos guardam meus
segredos, e revelam as minhas
tentações.
Em minhas visões vejo-me, em
desejos loucos! São minhas
febres, ou gélidas emoções.
Me pego louco pelos cabelos
 tentando acordar meu juízo!
Eu quero dormir por inteiro!
 Tento atravessar as muralhas.
Eu quero o sono simples, sem
desespero. Minha cama guarda o
meu corpo
Inerte, mergulhado em divagações.
Meus sonhos, às vezes são
 devaneios, tipo lisérgicos, de
 quimeras proporções.
Às vezes sonho os meus retratos,
e às vezes, minha pele está
vazia, sem as cores dos momentos
 que guardo.
E tantas vezes me pego em
abraços! Meus sonhos são meus
juízos, num quadro de palcos
abstratos.


Betonicou©

Arte: nadejda sokolova






 .

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Sobre nós dois © Copyright

Avisa aquela flor, que não nasça com as pétalas erradas!
E avisa ao meu amor, que regue essas emoções ressecadas.
E assuma minhas questões, nessas horas tão desesperadas.
Agora tudo e’ quase dor, porque o amor não mais orvalhou...
Então avisa a todos, que todo este amor, ainda em mim restou...
Estou indo para os portões; aqui e’ o lugar dos descontentes.
Estou indo para as multidões; afim de tudo daqui ficar ausente...
Porque ao meu endereço, todas as paixões vis foram enviadas...
Porque nesse dia reconheço, que as vivi de maneiras desesperadas...

Avisa, que de nós dois eu fui amor... E das paixões, hoje desconheço...
Eu nego quase tudo, porem a cara desse amor eu sempre reconheço...
Porque a vida nos deu um grito, e gemidos de dor foram para nós dois...
Mas a vida também deixou escrita: “Não somos um amor pra depois”.
Então porque estender a dor, se a dor, são todas as razões deprimentes?
Essa e’ a vida sobre nós dois, somos as manhãs, somos sobreviventes!
Avisa a esse amor, que temos a vida, e além dela, há nossa hora marcada.
E que seus beijos curam a paixão do amor, e traz-me leveza, tão destacada.
O que a vida diz sobre esse amor? Somos tudo, de maneira tão diferente...
Somos a poesia na febre das estrelas; Vivemos as diferenças docemente.

Sim! Diga numa canção, que tudo começou nas falas tão descaradas.
Sim! Cante sobre nós dois, pois somos um amor de cenas apuradas.
E tudo  mostra-se aos olhos! Que vejam esse amor ser o meu endereço.
A vida nem sempre fecha os olhos! E  na cara deste amor  me  reconheço...
Escutem a canção, e sempre com os corações abertos, escutem atentos!
Pois tudo e’ sobre nós, os corações amantes, abertos, sem tempos nevoentos.
Pois todo o meu apreço são ideias, de um amor de belezas tão delicadas.
Fecho os olhos!  Vejo a alma deste amor... Nossas loucuras não foram erradas !
Sim!  Tudo e’ sobre nós... Somos céu, lua e sol, e as estrelas não derrubadas.

  By betonicou         ilustrações de Arvind Kolapkar

domingo, 12 de abril de 2015

Porto aéreo © Copyright

O mar espuma as ondas; rumo ao farol eu sigo sobre as águas me equilibro; sóbrio e risonho. Diante da luz, vou navegando, líquido e brilhante. Quando as esferas se encontram, as águas me batizam fortes sob meus pés. Os pássaros cantam, e minha alma plana sobre as águas. Leve para sonhar, livre para alvorecer. Solta para viver. O coral dos seres alados, o universo me sorri. O céu está anil, e as nuvens emolduram meus acordes, as feras levam meus fardos, e meu palácio flutua, nesse meu eu desperto. Ah! Tudo é tão belo, e as crianças voam diante de olhos abertos. Espíritos suaves numa tarde serena, nessa praia escorrem minhas lágrimas... Meu mar era turbulento. Negras eram minhas pérolas... E elas cobrem o chão, com os cristais brancos e triturados dos meus olhos. E deito-me na poesia branca; cantando. Ah! É primavera, e as flores nascem no céu azul. O arco-íris do meu sol, e das minhas chuvas, empresta suas cores para os balões com meus sonhos, que alcançam o meu porto no Paraíso. E quando meu leme se partir, e minhas direções se perderem. Aí me solto aos ventos, pulando sobre as nuvens, até a razão do meu coração. Ah! Eu quero pairar, deixar esses passos pesados. Eu quero uma mão estendida, até os jardins que pairam, acima deste meu céu, de tantos oculto. Eu quero voar as minhas preces. Eu quero respirar leve, e quente, antes que tudo desabe, esfrie e congele. E acima de todos os céus, eu mesmo poder dizer: A terra é azul!



Betonicou©

sábado, 4 de abril de 2015

Herói tupininquim © Copyright



Não fui sempre um herói, nem sempre fui um bandido
Não fui sempre o melhor, nem sempre fui sabido
Nem sempre tive alguém para me abraçar, nem um herói
Para me inspirar, nem um salão para dançar, beber e fingir
Que era feliz... Sei que não fui o tal..., mas eu tinha um cavalo de
Xadrez... Andava de lado, embriagado, envergonhado,
Pensando que era..., mas sim, talvez... Porém, esse era o meu
Meu alazão; Um pouco magro, mas tinha um certo charme então...
E sempre me surpreendia, correndo um galope, de cavalo trapalhão.
 
Quis fazer rir um rei, com uma piada para ele gargalhar.
E fui o palhaço então, mas eu também me divertia, com um rei tolo
Para ver e zombar... Um, dois, três, eram os passos de uma dança que
Dava dó... E tinha exército de um só, e o seu castelo era um
Barraco pintado com cal e giz... Às vezes, fui o que eu quis...
E às vezes, porém, nem sempre fui feliz!
 
Agora sou herói! Tenho uma donzela para ver e amar.
Trabalha num salão, e às vezes dança um cancan, só para brincar.
E eu vagava pelos seus salões, e sua dança mexia com os meus
Botões... Eu até dançava, feito um galope desses cavalos fanfarrões...
E agora, eu era o tal do mocinho, em uma dessas histórias de bandido.
Sim! Agora eu era o tal, e fazia as coisas que nem eu mesmo acredito, ou
Acreditei! Porém eu beijava seus palavrões, eu lhe agarrava em meio às
Multidões... E eu sempre corria um trote, para fazê-la
Admirar as proezas dos heróis valentões.
 
Não fui sempre um herói, desses que as novelas insistem, em fazer crer...
Às vezes trabalho nos porões sustentando meu palco, para esse não
Desabar. E eu derrubava os falsários, e entrava nas suas ilusões...
Eu brincava tanto com sua falsa timidez... Eu amava, e amo tanto a minha
Rainha branca; e não esse nosso amável, porém deplorável jogo de xadrez.



Poema inspirado na letra de "João e Maria", de Chico Buarque