Estou no escuro
do universo,
meio turvo, meio espera —
em águas calmas
sem reflexo.
Ouço um tambor
distante,
como se o tempo
respirasse em mim.
Há uma corda
bamba
onde me prendo,
silencioso —
em suspenso.
Espero que a
luz,
de fora,
me descubra.
Espero que além da poça
o meu ser se cubra
de uma razão para nascer.
Não canto.
Não falo.
Mas pressinto.
Aqui o meu eu
descansa,
como quem aguarda
um beijo inaugural.
Se existirem
espelhos no cosmos,
que reflitam
o que ouço antes de ver.
Neste mundo
onde repousa o medo,
ainda é cedo para partir.
Os reflexos,
turvos.
Os espelhos, sombras.
Antes que o eu aconteça,
tudo é véu.
Mas ouço sons
fora deste céu morno.
E se isso é céu,
o que há além?
Estou a
centímetros
do que me separa
de mim.
Concebo um
universo
de sonhos submersos.
Fantasio:
sou?
Ainda nas águas,
ainda confortável,
ainda incerto —
meu eu mergulha
no antes.
Mas sei:
virá a hora.
Os espelhos se
limparão.
A luz
há de romper
esta penumbra uterina.
Por ora,
vejo tons vermelhos
nas paredes que me contêm —
espelhos tímidos
de um amanhecer prometido.
Embalo-me no
compasso
de corações distantes,
entre risos que não conheço
e lágrimas por vir.
Ainda que o
choro
venha antes da beleza,
sei que serei toque.
Sei que serei voz.
Estou no escuro.
Mas mesmo aqui,
a música pulsa.
Dilui-se
em água benta.
E me chama
LINDO DEMAIS... AVSOLUTAMENTE MARAVILHOSO! OXALÁ TODO SER POR NASCER FOSSE ASSIM EM TANTO AMOR E CARINHO ESPERADO.....
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