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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Prelúdio© Copyright


Estou no escuro do universo,
meio turvo, meio espera —
em águas calmas
sem reflexo.

Ouço um tambor distante,
como se o tempo
respirasse em mim.

Há uma corda bamba
onde me prendo,
silencioso —
em suspenso.

Espero que a luz,
de fora,
me descubra.
Espero que além da poça
o meu ser se cubra
de uma razão para nascer.

Não canto.
Não falo.
Mas pressinto.

Aqui o meu eu descansa,
como quem aguarda
um beijo inaugural.

Se existirem espelhos no cosmos,
que reflitam
o que ouço antes de ver.

Neste mundo
onde repousa o medo,
ainda é cedo para partir.

Os reflexos, turvos.
Os espelhos, sombras.
Antes que o eu aconteça,
tudo é véu.

Mas ouço sons
fora deste céu morno.
E se isso é céu,
o que há além?

Estou a centímetros
do que me separa
de mim.

Concebo um universo
de sonhos submersos.
Fantasio:
sou?

Ainda nas águas,
ainda confortável,
ainda incerto —
meu eu mergulha
no antes.

Mas sei:
virá a hora.

Os espelhos se limparão.
A luz
há de romper
esta penumbra uterina.

Por ora,
vejo tons vermelhos
nas paredes que me contêm —
espelhos tímidos
de um amanhecer prometido.

Embalo-me no compasso
de corações distantes,
entre risos que não conheço
e lágrimas por vir.

Ainda que o choro
venha antes da beleza,
sei que serei toque.
Sei que serei voz.

Estou no escuro.
Mas mesmo aqui,
a música pulsa.
Dilui-se
em água benta.

E me chama

 


@Betonicou©

Um comentário:

  1. LINDO DEMAIS... AVSOLUTAMENTE MARAVILHOSO! OXALÁ TODO SER POR NASCER FOSSE ASSIM EM TANTO AMOR E CARINHO ESPERADO.....

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