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quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Concebido© Copyrigh

 

Com Jesus em nossos corações, a vida se transforma em um jardim de singelas belezas, um encontro fraterno que floresce mesmo em meio a tempestades. O Natal é a celebração desse presente divino: Deus oferecendo seu Filho como elo de nossa eterna união com o Pai.

O Natal não deveria ser apenas uma data festiva no final do ano. Deveria ser um encontro diário com o amor, um sorriso que perdura o ano todo, uma celebração constante a cada renovação. A alegria não se guarda em caixas de sapatos, assim como não se pode aprisionar estrelas e lua sem ofuscar o brilho que enobrece a noite.

Afinal, o Natal é ter Jesus no coração. E quando Ele entra, não é para ficar apenas um dia, mas para iluminar todas as nossas manhãs. Jesus não se resume a uma data, Ele é a Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Desejo a todos nós a presença do Deus Trino, que celebra conosco a criação e que nos guarda e nos acolhe como uma bela canção, fruto de Sua eterna bondade. Feliz Natal! Feliz todos os dias!


Betonicou©

 
 Participação da confraternização 
de natal realizada pela nossa querida , 


Roselia.







sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Crisálida© Copyrigh

 

   Vivo por fios de possibilidades.
Sou planta que descansa num
jardim confiável, pelas mãos de
um jardineiro não sedentário.
Cachos de uvas doces desapontam-me
se há no meio o azedo que  os empobrece.
Gosto das cores que se completam
num quadro que amansa os olhos.
Carrego em mim o peso destinado
às formigas, assim como carrego
dentro de mim, ares leves, ambos
amontoados num clamor interno,
feito cantar gritante de cigarras.
Sofro de vontades mórbidas,
desfiguradas, sementes em 
metamorfoses vãs, fora das crisálidas.
Luto um luto, pois há em mim,
enterros, a cada momento, de
coisas involuídas (evolução de
traças para troços evoluídos).
Quando poesia:
sou orvalho que evapora,
semente aquosa, a evoluir-se
em nuvens prenhas.
De verso em verso,
a poesia vai gritando,
silenciosa.
De pingo em pingo me tornando chuva.

Betonicou©

Arte-Denis Sarazhin-Costa Dvorezky

Responderei se for preciso.

 

 

domingo, 27 de novembro de 2022

Imaginante proseador migrante© Copyright

I
“Agitação”
 
Tempestades, tempestades!
Quero chuvas serenas, feitas
de orvalhos para os brotos
das sementes, para os frutos
das plantações, e jardins de
floris serenados.
Chuvas são feitas de canções
respingadas, feitas de nuvens
genitoras, emprenhadas de
ares invernados.
Tempestades são pedras frias
e diluídas. São orações rejeitadas,
que caem pesadas. Asas frágeis de
papel escrito, carregado de versos
desesperados.
É gelo que se eleva e cai em
choradas águas cadentes, pingos
de brotos aquosos, lágrimas de
dores vertentes.
Tempestades são choros de
destemperos, choro de corvos,
a cantar chuvas rebeldes e frias.
Assim: tenho gosto pelo cair das
folhas abatidas.
Gosto do outono, da poesia
vermelha e pousada diante
do debruçar pelas janelas.
Das cores murchas e desapegadas,
desta estação emancipada.
Livre, a despencar-se, solta.
Porém, não distante, de todas
as outras cores das telas de
aguarelas.
 
I I
“simplista”
 
“Sim, sim, sim, sim”, é eco
teimoso, sons insistentes, lá
dos “dezessete” ... hoje ausentes.
Vozes musicadas, ressonantes
nas notas de lembranças.
Para o meu sempre. Na
alma, nunca destoantes.
Hoje, sinto falta de mim mesmo,
dos cânticos singelos e maternos.
Das canções de gorjeios, dos seres
que, por entre as folhas das
árvores, eu não vi.
Porém, de ouvidos aguçados,
ouvia atento aos assobiantes,
às vezes, de um solitário ser
voante: silvos, de um
transmigrante, em passarinho
bem-te-vi.
 
III
“O Céu do deserto”
 
Em cada ser há plantações não
vingadas. Vejo-me espantado,
a ser espantalho, a espalhar
fugitivos pássaros de espigas quase
mirradas.
Os ventos são quentes, vindos de
um sul, inquisidor, em contrários
calafrios.
O poço que há mim serve de leito,
também, serve de alento, pois era
aos olhos, circular janela para o céu,
onde mora a esperança quente e as
confortáveis e refrescantes brisas
das coisas mais singelas.
Desmembrou-se de mim asas tênues,
pois, eram, rendas de ventos, a
elevar-me em sonhos de cenas surreais.
Despencado, cai dos céus. Em terra,
orei em preces aleijadas, pois eram
preces de pás quebradas de moinhos.
Eu era um ser nascido em inerente
mundo, nascido em brisa solitária de
desertos terrenos, à procura de um oásis por
entre dunas que encerravam olhares,
 tão marcantes e, serenos.
 
 
IV
 “Éden”
 
A desconfiança abraçou a
esperança, como herança,
pelas margaridas que acenavam
em braços brancos e, girassóis,
que prometiam sois cambaleantes,
à mercê de forças que embalavam
suas enterradas vontades.
Pois são os girassóis: lindas
prisões de fragmentos quentes
de ternura. Serafins, voluntários
a uma plantação de dourados
acenos de possibilidades.
“O que seria dos campos plantados
sem a transmigração de anjos
em sementes?!”
 
V
“Quimérico”
 
Os céus acariciam a terra,
fazendo eriçar os verdes caules
de seus filhos.
Vejo-me descansando em lama,
feito barro, sendo moldado em
jarro para águas diáfanas.
Espero por chuvas de pingos
acariciantes, pois é a alma
quem os receberá como recipiente
de respingos que, dantes,
acolhia lágrimas em odres....
Vejo-me passarinho cantante,
sempre pego, iludido por
gaiolas douradas.
“Os gaviões sempre constroem prisões
usando seus próprios ossos. “
 
VI
 “Conversa de vento”
 
Era menino, que no início,
era “marco”.
Sem enganos: não era nome,
e sim, um tempo que demarcava
o prelúdio entre novas manhãs.
Debrucei-me em arcos.
Esses mesmos arcos que se colorem,
mesclando água e sol.
Não havia tesouros, pois eram
histórias, contadas por
imaginações medíocres, feitas
de vento misturado com vento.
Doravante, eram ilusórias,
visões insignificantes às orbitas
de minhas Iris. Tesouros?
São luzes que se alcançam,
mesmo que intermitentes,
como o brilhar tímido, porém,
brilhante de ternura dos
pirilampos.
Me pego divagando, olhando
pelas janelas.
“Pelas janelas, o debruçar
inocente e despropositado,
sempre encontra propósito,
ao iniciar divagante,
uma conversa com Deus
sobre a vida.”
 
VII
“marco”
Numa tarde. Um meio
tempo, feito de sol e lua.


Betonicou©

Arte-by Marina Terauds

Responderei se for preciso.
 "Imaginante proseador migrante"  é um poema que resolvi fragmentar em seis partes. Escrito numa tarde , num certo momento....Boa leitura!

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Borboleta-flor© Copyright


É feita de curvas morenas,
Dançante, com face alegrada
Não lívida, corada de cenas.
Cantante, com emoção externada.
 
Baila, essa lena, de nome Helena.
Em rendas de pétalas bordadas.
Tão bom revê-la serena. Tal cena,
de alegrias esbanjadas.
 
Suor, cheiro sem noção.
Gosto de abelha na flor.
Doce odor de flor açucena,
 Dançante ao som da
 avena! Acena, à cena,
ao que lhe traz sensação:
Amor!
 
 Menina, feita água jorrada.
 das chuvas, és  
 respingo e frescor.
Pequena ou,
 Mulher Madalena, és
borboleta.  
Quando esvoaça no ar, és
Flor!

 Betonicou© 

Responderei aos comentários caso for preciso. 

domingo, 2 de outubro de 2022

A poesia bordada© Copyright"

 


Ah, que saudade da minha terra! Não essa
 terra onde piso meus passos, mas a terra
 onde caminho meus sonhos, onde voo meu
 imaginário de pássaros. Sinto falta dos
versos leves, como palmeiras à margem do
frescor dos riachos. Saudade é minha sina,
pois sou feito de barro, modelado em
tempos de laços.
 
Tenho em mim brisas, filhas de vento forte,
 sopros que moldam rostos. A saudade é
uma nau navegante, à procura de um acaso
que a aporte. Seja num mar de ondas
 eriçadas ou amenas, ou gotas de chuva a
 molhar enseadas. Passeio em devaneios,
pincéis de neurônios a pensar e pincelar as
 telas de minhas estradas espirituais e
 gasosas.
 
Teimosas são as passadas pelos canteiros
 de espelhos e lembranças refletidas. Assim
 são as causas das flores desfolhadas:
pétalas errantes, passeantes divagantes,
sisal em linhas de causas atadas. Ah, que
 saudade dos ventos, por onde passeavam
leves as musas do parnaso, em cavalos
 alados, amigos dos ventos que, em
 delicadezas, recebiam meu peso em versos
 emplumados.
 
Ah, onde no mar navegava meu barquinho,
 que era o rei dos veleiros. Sobre ondas altas,
turbulências imaginárias, escalar abismal de
desfiladeiros aquosos. Terra à vista! Gritava
 eu, em ecos, rebatidos pelos ventos, sob o
 luar majestoso que se fazia de lâmpada para
 os inquietantes sonhares: desvarios, quase
verdadeiros…
 
A criança diluiu-se em nevoeiros. Ficou a
 lembrança impregnante de pensamentos
 burburinhos ensimesmados. O sonho
comum, da inocência navegante, num barco
 de papel a vela, levado por ventosos e
casuais redemoinhos. Numa tempestade de
gritos infantis, aventureiros, a desvencilhar
de rodopiantes torvelinhos.
 
Terra à vista! Gritava o infortúnio da
 saudade. Pois, era quente, o grito, que
 trovejava, tal qual raio na tempestade, com
 olhares molhados, mesclados às gotas
espargidas. Com a natureza, fusionava-se, à
liberdade. Com espada de cavaco de pau,
 forjado em fornalhas imaginárias. Com a
 cabeça coberta de velhos jornais, folhas
encharcadas de velharias noticiárias,
 aventurava-se de vez a criança, despedindo-
se, viajante às causas mais incendiárias.
 
Era gentil e senil, a saudade, que na praia
mansa, de gestos inquietos se vestiam. Do
 verso borbulhante de calmaria de mar, do
 barro de areia branca que os pés se cingiam.
 Aportado das nuvens e águas sonhadoras,
 dispersava-se de vez. Igual a voo desafiante
de passarinho, em bruma volátil, a exalar-se
 em fumaça, em asas de um pensativo talvez.
 
Da onda solitária que lhe era atrelada, sumia-
se, em adeus, acima das águas, em
 esvoaçante nauta. Em intrépida, instigante,
 sonhada, e alada poesia bordada.


©Betonicou
 

Arte-Eliza Wheeler-Children's Illustrations


sexta-feira, 22 de julho de 2022

Morena tupiniquim© Copyright

 



Você, lindo sonho que vem a mim em um vento ligeiro. Pousa em suave for­ma de brisa sobre minha pele que é seu porto e, você, meu anseio. Você, serena musa, com olhos de cristais brilhantes e carnudos lábios rubis e pequenos seios ofegantes. Seu rosto envergonhado se torna vermelho carmim e sua pele de seda exa­la perfumes; doce fragrância de amor, delicada flor, odor de alecrim. Você, menina suave, serena. Seus gestos se mostram delicados e amenos; juventude em flor, água fresca, néctar licor. Puros lábios de mel! Seus beijos gostosos são de doce sabor. Em seus secretos desejos, embriago-me e em você, todo me afago. Em suas curvas de pele morena e em teu rosto marrom refresco-me com seus beijos. Descansa-me em sua pele de delicados tons. Em suas asas de libélula, faz-me passageiro em seus delicados voos. Anjo moreno! Sua luz cintila em suaves e brilhantes neons! Meu corpo molhado, quente por você, é assim que estou. Em minha fase nua, paixão toda crua, revelo-me em segredos a você, toda bela e nua. Contemplo seu esplendor! Das estrelas já não mais preciso. Anseio apenas pela luz de sua presença. Nos quintais dos meus jardins, serás a flor de único nome: amor.”


 Esse poema é parte de " Moheki". Adalberto Betonicou

Arte : Yasmim Mesquita




 

sábado, 18 de junho de 2022

Sopro de beija-flor© Copyright

 


Se eu beijo, é beijo de passarinho, flor de lua que vem chegando. Quando vejo, já beijei, em aquarelas, lindas cores que pintei a flor, que o meu bico de néctar, vai, de cor e sabor, semeando. Para beijar a flor viro beija-flor. No frio, anseio: não o verão, mas sim, as primaveras. Desejo os lábios doces das azaleias. A terra é céu de estrelas floradas. A lua, é rosa a desabrochar, em prateada flor no céu das madrugadas. Aqui tem jardins floridos. Tem centeio, joio, misturados num sortido campo de trigo.  Se sou forte ou fraco, nem ninho faço. Neste jardim, nem eu mesmo fico. Sou passarinho aterrizado, pois no chão sou menino, mesmo eu a brincar; mesmo sempre comigo.  Em um beijo magro ralo o corpo, a palpitar, ecos de destemperos.  Se te beijo, sou pássaro errante, a pousar nos lábios o beijo carregado de exageros. Sou apaixonado, itinerante de beijos soprados. Se te beijo, sopro em tua boca desejos cálidos, um sopro embevecido. Sou vento em brisa a beijar a boca da face extasiada. Sou chuva mansa a salpicar de gotas apaixonadas os lábios relutantes. De beijo em beijo, sou pássaro de voos itinerantes. Sou toque, a roubar do vento, memorias, que esvoaçam em breves ares moribundos. Sou beijo anélito, sou seta ferrenha, a calar em beijos, a soprar lábios, em eternos, divagantes e doces segundos.

Betonicou©

domingo, 5 de junho de 2022

Querer voante© Copyright

 

Eu quero, pátria azul, da cor do céu.
Eu quero, chuva, pingando mel.
Eu quero amada, essa pátria, minha
terra, sabor, às vezes, de fel.
 
Eu quero amor de véu de noiva,
casamento em terra estimada.
Não quero o que não sou, pois
sou eu: alma alada, a voar imaginada.
 
Eu quero terra gentil, de coração
materno, enraizado.
Quero pátria de rios e lagos
transbordantes.
Não quero as cheias de lágrimas
em um rio de rosto derrotado.
 
Não desejo: os desejos simples
e meigos, a irem a qualquer leito
alagado.
Desejo, os baluartes pátrios,
dançantes, alegres aos ventos.
Desejo, os anjos cantantes, nos
corais sacros, tonantes vozes de
sacramentos.
 
Desejo, a lágrima diluída, em orvalho
serenado, amanhecido, de uma
manhã singela, pois é lágrima de
flor desabrochada, rumo ao céu
do Deus Enaltecido.
 
Eu quero passarinhos cantantes.
Sabiás, canarinhos, pássaros pretos,
num só ninho:
um só ser, concordantes,
não um ser envaidecido.
 
Eu creio no querer pátria gentil,
pois é disso, que se trata, a terra amada:
antes amável, que poderes arrogantes.
Desejo, a bandeira estiada, feita
flor delicada de riachos.
Lírios, orquídeas, a abraçar, em amor.
Não leito impudico de amantes.
 
Desejo o céu nessa terra.
Desejo à terra: as mãos do céu,
a descerem abençoadas.
Desejo, os rostos pintados.
A original aquarela, a guiar-nos,
em trilhas verdejantes,
sem misérias gotejantes,
sob vertentes, a irrigar
vontades afortunadas.
 
Ah, desejo, Brasil,
de céu de anil!

 

 


 Betonicou© 
Ilustrações: Riccardo Guasco