Ser
poeta é viver entre contrastes.
Entre
o vento e a porta, a tampa
e a garrafa,
a água e a represa,
os versos e as palavras aos ventos.
Brinca-se
de esmurrar o vento e
navegar
nas nuvens. Ouço o canto
do curió e vejo o voo soberano do
condor.
Um
canta a vida, outro a morte.
Um voa
livre, outro à sorte. Um
tem a pluma, outro a pele. Um tem
a voz,
outro o silêncio.
Mas
ambos são asas do céu, que
enfeitam o mundo com suas cores,
que
ensinam o valor da
diversidade, que inspiram a arte
da
poesia.
E
quando se é sol e lua, dia e
noite, luz e sombra, amor e dor
no
coração.
Despede-se
do sol que se põe e
abraça a lua que se ergue. Sinto
o
calor do seu amor e o frio da
sua ausência.
Um
brilha a vida, outro a morte.
Um
ilumina o caminho, outro o
destino. Um tem o fogo, outro a
prata.
Um tem a voz, outro o eco.
Mas
ambos são astros do céu, que
regem o mundo com seus ciclos,
que mostram o sentido da saudade,
que
revelam a beleza da poesia do
infinito.
E
quando se é flor e espinho,
perfume e dor, beleza e ferida,
paixão e desilusão.
Agradece-se
à flor que se abre e
aceita-se o espinho que se crava.
Sinto o aroma do seu carinho e a
ponta
da sua partida.
Uma
exala a vida, outra a morte.
Uma
enfeita o jardim, outra o
corte.
Uma tem a pétala, outra a
agulha.
Uma tem o mel, outro o
fel.
Mas
ambas são dons da natureza,
que
encantam o mundo com suas
formas,
que ensinam o valor da
delicadeza,
que inspiram a arte
da
poesia das rosas.