A indiferença é
assim:
Sem fogo se
derrete,
alimentada pelo
ego que se vê
cristalino.
Sem tocar
espanca.
Exige o que lhe
é devido,
pelo credo que
vê opaco o
diferente.
Não são todos os
homens que
aspiram um olhar retilíneo;
olhar de
horizonte.
Se é
indiferente,
pouco se há de
responsabilidade.
Pelo olhar que
enxerga e julga
como tirano.
Nem todos têm
idade para se
curvar;
se moço,
curva-se aos prazeres,
indiferente à
responsabilidade
que lhe cabe.
Se idoso: já
estando curvo,
sob o peso da
experiência,
quase sempre se
eleva,
mesmo sob o peso
da idade.
A humildade se
curva,
pois diferente
da indiferença do
ego,
apenas se
abaixa;
para catar os
cacos de uma
vaidade largada
e despercebida de
si mesma, no chão.
Vinho me deixa
diferente,
pois a razão
bêbada se descontrai
em meros e desapegados
pressupostos.
Os bêbados,
líricos de tudo,
vivem diferentes.
Beber vinho para
esquecer a
indiferença passa a ser uma
diferença ridícula.
Ser ridículo, às
vezes, leva-me a
tomar vinho.
O álcool não é
ridículo: apenas
indiferente às minhas tolas e
divagadas
razões.
A desculpa, em
beber vinho pela
indiferença, é
uma diferença
tola.
Bom mesmo, é
acompanhar aquele
prato: um emaranhado de massas
tontas, moles,
indiferentes às
minhas inúteis e diferentes
especulações.
Não diferente —
“Gosto do
indiferente olhar do sol sobre o
mundo.”
Boa noite de sábado, amigo Beto!
ResponderExcluirMeu Deus! Que isso!
Um jogo de metáforas deslumbrantes compôs seu poema de forma espetacular.
Fui lendo como se bebe uma taça de bom vinho...
Um deleite só na tardezinha cheia de razão de ser, curvada pela beleza da sua sabedoria de poeta que sabe associar a vida ao que ela nos brinda, gratuitamente, como trunfo na maturidade: a humildade.
O pensamento final é bárbaro bem como a imagem ilustrativa.
Tenha um final de semana abençoado!
Abraços fraternos
Meu bom amigo Adalberto,
ResponderExcluirQuem se esquiva do golpe como se estivesse lutando esgrima, evita o ferimento, mas, sem cicatrizes não se contam histórias de vida.
Aqueles que permanecem indiferentes alimentam o ódio. O fogo, meu caro amigo, não acende sozinho e se os egos queimam, há alguém alimentando-o.
Não existe uma linha reta quando se observa o Mundo em “belos horizontes”. O que precisamos é de retidão nas atitudes, porque, até a brisa afasta as palavras proferidas.
São belos versos meu amigo Beto.
Abraços alvinegros de “galo e estrela!!!”
A good poem that expresses the righteousness of people's nature.
ResponderExcluir(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematographic greetings.
Eu, abstémio, me confesso.
ResponderExcluirBoa semana
Idem, Pedro! Escrevi este poema no inicio de 2021. Apenas agora resolvi postar. Abraço.
Excluir"Gosto do indiferente olhar do céu sobre o mundo". Gostei deste final do seu texto com divagações sobre comportamentos perante a indiferença. Sempre ouvi dizer que a indiferença é uma arma poderosa.
ResponderExcluirHá um filósofo que diz que somos cúmplices do que nos deixa indiferentes. Claro que se refere à nossa indiferença social e não pessoal. Ou talvez se refira aos dois casos. Foi um gosto ler este seu texto que me questionou.
Tudo de bom.
Uma boa semana.
Um beijo.
Ninguém poderá ficar indiferente perante tao magnífico poema.
ResponderExcluirGostei imenso, os meus aplausos.
Boa semana.
Abraço.
Do início ao "gran finale" ,simplesmente maravilhoso,Beto! Parabéns! abração, chica
ResponderExcluirProfunda reflexión. La indiferencia matara al ser humano. Te mando un beso.
ResponderExcluirPois eu não fiquei indiferente perante composição poética tão reflexiva.
ResponderExcluirE também “Gosto do
indiferente olhar do sol sobre o mundo.” essa é que é uma boa indiferença.
Beijinhos
Olá, querido Beto, a indiferença é um sentimento insuportável, mas algumas vezes precisei usá-lo para evitar atritos, tem esse seu lado. Mas, na verdade, gostaria de nunca usá-lo, não me faz bem, é algo mesquinho, mas evita muitos dissabores. Usei para deixar passar a arrogância, a ingratidão e outros sentimentos que criam, ao natural, um distanciamento. Uma boa reflexão sobre a Indiferença, gostei de ler, meu amigo, muito bem escrito, e dito!
ResponderExcluirUm bom fim de semana,
beijinho.
Lovely poem
ResponderExcluirGostei de reler este excelente poema.
ResponderExcluirUm abraço e boa semana.
Só volto para o ano.
ResponderExcluirDesejo-lhe um Natal cheio de Amor e um ano de 2024 com saúde e paz.
Um beijo.
A indiferença está corroendo este nosso pobre mundo... colocando em causa até a própria sobrevivência da humanidade. Não se contentando a humanidade em ser indiferente para com o próximo... também o é com o mundo, como se houvesse um outro de reserva... pronto a acolher todo o espectro de vontades e formas de ego, no seu máximo esplendor, de cariz corrosivo e destrutivo...
ResponderExcluirEu tenho para mim, que o bicho Homem, será o ser mais destituído de realidade... intoxicado pelo seu próprio ego...
Um poema notável, que nos oferece uma preciosa reflexão sobre uma transversalidade de diferentes realidades... e planos diversos, do ponto de vista das relações humanas... muito bem construído, e repleto de preciosas mensagens! Como sempre, um momento poético, de excelência... com um iluminado olhar interior, e que tão bem nos explica as indiferenças que grassam pelo mundo...
Um beijinho! Continuação de uma excelente semana e de um Feliz Dezembro!
Ana