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domingo, 5 de junho de 2022

Querer voante© Copyright

 

Eu quero, pátria azul, da cor do céu.
Eu quero, chuva, pingando mel.
Eu quero amada, essa pátria, minha
terra, sabor, às vezes, de fel.
 
Eu quero amor de véu de noiva,
casamento em terra estimada.
Não quero o que não sou, pois
sou eu: alma alada, a voar imaginada.
 
Eu quero terra gentil, de coração
materno, enraizado.
Quero pátria de rios e lagos
transbordantes.
Não quero as cheias de lágrimas
em um rio de rosto derrotado.
 
Não desejo: os desejos simples
e meigos, a irem a qualquer leito
alagado.
Desejo, os baluartes pátrios,
dançantes, alegres aos ventos.
Desejo, os anjos cantantes, nos
corais sacros, tonantes vozes de
sacramentos.
 
Desejo, a lágrima diluída, em orvalho
serenado, amanhecido, de uma
manhã singela, pois é lágrima de
flor desabrochada, rumo ao céu
do Deus Enaltecido.
 
Eu quero passarinhos cantantes.
Sabiás, canarinhos, pássaros pretos,
num só ninho:
um só ser, concordantes,
não um ser envaidecido.
 
Eu creio no querer pátria gentil,
pois é disso, que se trata, a terra amada:
antes amável, que poderes arrogantes.
Desejo, a bandeira estiada, feita
flor delicada de riachos.
Lírios, orquídeas, a abraçar, em amor.
Não leito impudico de amantes.
 
Desejo o céu nessa terra.
Desejo à terra: as mãos do céu,
a descerem abençoadas.
Desejo, os rostos pintados.
A original aquarela, a guiar-nos,
em trilhas verdejantes,
sem misérias gotejantes,
sob vertentes, a irrigar
vontades afortunadas.
 
Ah, desejo, Brasil,
de céu de anil!

 

 


 Betonicou© 
Ilustrações: Riccardo Guasco