Eu
quero, pátria azul, da cor do céu.
Eu
quero, chuva, pingando mel.
Eu
quero amada, essa pátria, minha
terra,
sabor, às vezes, de fel.
Eu
quero amor de véu de noiva,
casamento
em terra estimada.
Não
quero o que não sou, pois
sou
eu: alma alada, a voar imaginada.
Eu
quero terra gentil, de coração
materno,
enraizado.
Quero
pátria de rios e lagos
transbordantes.
Não
quero as cheias de lágrimas
em
um rio de rosto derrotado.
Não
desejo: os desejos simples
e
meigos, a irem a qualquer leito
alagado.
Desejo,
os baluartes pátrios,
dançantes,
alegres aos ventos.
Desejo,
os anjos cantantes, nos
corais
sacros, tonantes vozes de
sacramentos.
Desejo,
a lágrima diluída, em orvalho
serenado,
amanhecido, de uma
manhã
singela, pois é lágrima de
flor
desabrochada, rumo ao céu
do
Deus Enaltecido.
Eu
quero passarinhos cantantes.
Sabiás,
canarinhos, pássaros pretos,
num
só ninho:
um
só ser, concordantes,
não
um ser envaidecido.
Eu
creio no querer pátria gentil,
pois
é disso, que se trata, a terra amada:
antes
amável, que poderes arrogantes.
Desejo,
a bandeira estiada, feita
flor
delicada de riachos.
Lírios,
orquídeas, a abraçar, em amor.
Não
leito impudico de amantes.
Desejo
o céu nessa terra.
Desejo
à terra: as mãos do céu,
a
descerem abençoadas.
Desejo,
os rostos pintados.
A
original aquarela, a guiar-nos,
em
trilhas verdejantes,
sem
misérias gotejantes,
sob
vertentes, a irrigar
vontades
afortunadas.
Ah,
desejo, Brasil,
de
céu de anil!
Betonicou©
Ilustrações: Riccardo Guasco