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domingo, 22 de março de 2020

Poesia reinventada © Copyright


Na verdade, não fui feito para as
 palavras ditas em alto som e,
Até pressuponho, que se tal fato
 houvesse ocorrido,
Não me faria entender pelos
 outros sobre a fragilidade ou,
A complexidade de minha
 existência.
 
Por isso, também, penso que,
possa até ser que o criador
Tenha me feito de barro trêmulo e
me tenha soprado ares pesados,
Que me fizessem ficar rente ao
 chão,
Livrando-me dos voos insensatos
 de um homem feito anjo iludido.
 
Fui inventado, portador de asas frágeis
 para que o “eu”,
Não ousasse o patamar dos seres
 celestiais.
Assim, fui moldado, da
 fragilidade das asas das
borboletas,
Que pousam rente, por onde se
 escrevem em poesia: baixinho,
Como um sussurro, de quem apenas
 se ajoelha para elevar-se ao
longínquo vazio
E lavar a alma com gotas do
 orvalho que caiu dos olhos do céu
Para vestir de refrigério o
 início de todas as ensolaradas
manhãs.
 
Fui inventado homem, em meio aos
 ninhos e as tocas dos bichos,
Sob árvores e montanhas, que se
 agigantam,
E enamoram a liberdade do
 infinito.

 

 
By betonicou
Arte: Eugene Ivanov

Devido aos belíssimos trabalhos do grande  Manoel de Barros (meu patrono)   resolvi homenageá-lo a partir de um desejo seu: "Eu penso
renovar o homem
usando borboletas."