Na verdade, não fui
feito para as
palavras ditas em alto som e,
Até pressuponho, que se
tal fato
houvesse ocorrido,
Não me faria entender
pelos
outros sobre a fragilidade ou,
A complexidade de minha
existência.
Por isso, também, penso
que,
possa até ser que o
criador
Tenha me feito de barro
trêmulo e
me tenha soprado ares
pesados,
Que me fizessem ficar
rente ao
chão,
Livrando-me dos voos
insensatos
de um homem feito anjo iludido.
Fui inventado, portador
de asas frágeis
para que o “eu”,
Não ousasse o patamar
dos seres
celestiais.
Assim, fui moldado, da
fragilidade das asas das
borboletas,
Que pousam rente, por
onde se
escrevem em poesia: baixinho,
Como um sussurro, de
quem apenas
se ajoelha para elevar-se ao
longínquo vazio
E lavar a alma com
gotas do
orvalho que caiu dos olhos do céu
Para vestir de
refrigério o
início de todas as ensolaradas
manhãs.
Fui inventado homem, em
meio aos
ninhos e as tocas dos bichos,
Sob árvores e
montanhas, que se
agigantam,
E enamoram a liberdade
do
infinito.
Devido aos belíssimos trabalhos do grande Manoel de Barros (meu patrono) resolvi homenageá-lo a partir de um desejo seu: "Eu penso
renovar o homem
usando borboletas."