—Terra,
doce terra dos diáfanos rios!
—Voejou minha inocência em
asas brancas de coruja, para ser sábio de pureza pousada no mar, também deitado
em furiosas ondas impertinentes sobre o teu seio desgastado da paz e da beleza
ansiada pelo meu espírito soprado para um ventre de dourados portões. Pasmo,
gritei e chorei dependurado enquanto o sorriso se abria soprando o vento
materno aos meus sentidos carentes de juízos.
Oh terra, dos doces e imarcescíveis abraços do ninho que se desfez ante
os implacáveis ventos do tempo! As
tempestades sopraram seus acordes, num musicar rude, conforme a vida passeava
como brisa tênue, feitas de moinhos de vento. Tão ingênua, delicada e ao mesmo
tempo forte, é a vida, a vivenciar anjos e dragões; experientes e envolventes
sopradores, além de exímios navegantes do ar. Eu limitado sob pernas trêmulas,
apenas avanço, num cansaço de vida inalando o perfume e a contemplar a beleza
das flores singelas, enquanto eles os voantes plantavam suas sementes nos
frondosos campos de girassóis. Não haveria de lhes faltar farol, ou apenas
seria aquele ato, uma suposta tentativa de nos presentear ou tentar com a
inveja, ou de nos confortar com um campo de acenos alaranjados e celestes. Ah terra, que tem meus pés como açoites,
porém mais leves que os raios com seus gritos trovejantes a lhe ensurdecer e a
mim, com gritantes conflitos! Sobre ti saciava minha fome de suas delicias,
porém o mar de agruras envolveu-me de vermelhos e lamacentos lençóis. Sou a vida que caminha injustiçada numa antes
florada primavera. O inverno chegou distribuindo corações de gelo, e o fogo se
fez tomador do presente e esse acenava em cinzas minhas belas e singelas
lembranças. As nuvens se enegreceram em suas alvas e gasosas inocências e o céu
de safira se fez carvão ante os dedos da ambição que lhe tateou e atravessou
tocando e encobrindo o cintilar de suas estrelas. Minha humanidade divaga
desajustada entre os sonhos e pesadelos, porém são os pássaros quem me
emprestam seus gravetados ninhos e asas multicores para meu conforto de sono.
Quisera eu, em minha delicada humanidade ter as asas dos seres voantes, para
voltar ao ninho celestial do meu espirito viajante.
—Indagações
e divagações! Surgia a vida da água morna onde os pequenos riachos em volta
eram vermelhos feitos cor de uma rosa e o ar impregnado de jasmins. Ouvia-se o
batuque de tambor. Imaginava-se eu, já naquele dilúculo tempo, um ser esperado
com o fragor da ansiedade. Eram borboletas felizes aqueles olhos a chorar
casulos brilhantes o surgir de minha luz. Era mãe, uma docilidade de
beija-flor, a acolher-me em sua confortável ternura. Havia se passado os dias,
pois criança mede o tempo em instantes de brincadeiras e o tempo maduro chamou
seus serviçais para colherem o fruto que teimava em permanecer no verde dos
figos. Assim foram surgindo as questões sobre a alegria singela, que fora
enclausurada e presa em grilhões de responsabilidades. Vez ou outra fugia, para
brincar uma inocência teimosa, pois criança não morre; fica presa numa gaiola de
eternos passarinhos.
By betonicouArte: Marina Czajkowska -Now Ru
Texto escrito especialmente para a antologia poética " Humanidade, a ser publicada em abril de 2020 pela: ACADEMIA DE LETRAS DE SANTA LUZIA (ALUZ)
Caro Beto,
ResponderExcluirGostei muito do que li aqui meu amigo... Tu continua tocando muito bem, tua "flautinha mágica".
Concordo contigo em seu comentário final e faço um adendo... Não é fácil a vida atrás da telinha, também para nós que trabalhamos com mídias da Web o dia todo. Chegando em casa, tem dias que é mesmo... Banho, prato e sono.
Um grande abraço!!!
Una maravilla de texto prosa poético que despierta los sentidos, a pesar de que no entiendo muy bien el idioma, intuyo un poco... Creo que, entre metáforas, expresa toda una vida desde la niñez, la juventud y la adulta.
ResponderExcluirClaro está que, en una larga vida, unos menos y otro más, pasamos temporales, por esos días nublados y también navegamos con nuestra barca entre olas bravas que nos entristecen el alma y por mares rebeldes que parece que nos ahogan hablando metafóricamente, pero no todo es negativo, también tenemos cosas bellas e importantes en la vida, hermosos y esplendidos amaneceres, días radiante, mares en calma, paz y amor que nos llena de felicidad el corazón y el alma y tiramos hacia delante. Porque la vida es eso, no rendirse nunca. No es de color de rosa para nadie, los rocos también lloran
Es este texto precioso, ese libro va a ser digno de leer. Es poesía intensa bella y profunda mi enhorabuena al autor@.
Te dejo un abrazo y mi gratitud. Feliz fin de semana.
LOS RICOS TAMBIÉN LLORAN.
ExcluirY gracias a ti también por tu forma de escribir y transmitir, logras llegar al corazón del lector a través de tu bella y sentida prosa que más bien parece una poesía.
ResponderExcluirTe deseo todo lo mejor.
Cariños.
Kasioles
É sempre muito bom ler seus tão bem escritos texto.
ResponderExcluirBoa noite,
ResponderExcluirVim conhecer o seu blog, saio encantada com seu talento.
Seguirei seu blog.
Saudações.
"Eu limitado sob pernas trêmulas, apenas avanço, num cansaço de vida inalando o perfume e a contemplar a beleza das flores singelas, enquanto eles os voantes plantavam suas sementes nos frondosos campos de girassóis."
ResponderExcluirBoa noite de paz interior, amigo Beto!
Aqui não tive como prosseguir... tive que parar e respirar absorvendo a essência da sua prosa poética.
Tudo lindamente elaborado para 'agradar' a todos os contemplativos.
Há tristezas da lama vermelha a cobrir rios outrora limpinhos a apreciar.
Faz algum tempo que passei, num ônibus interestadual, por um bando de borbletas vindo de São Mateus, ES à Vitória... foi tão lindo e me lembrei agora. Minutos o ônibus no meio das borboletas amarelas em profusão... na reserva florestal de lá.
Seu post revela algo lindo que nos sustenta a todos certamente: nossa infância amada onde éramos tão felizes e nem sabíamos o quanto.
Muito obeigada por tão bela prosa por aquio.
Tenha um final de semana abençoado e feliz!
Abraços fraternos de paz e bem
Querido amigo Beto, que esplendor de prosa poética!
ResponderExcluirVerdade, você desapareceu e levou doçuras poéticas, nos privou em lê-las. Mas está de volta, que bom.
"Sou a vida que caminha injustiçada numa antes florada primavera". Que lindo.
Sim, meu amigo, a vida é cheia de surpresas, e não nos poupa de uma pedra no caminho. Mas haveremos sempre de prosseguir.
Um lindo fim de semana, bom para descansar, e não esqueça, como borboletas felizes!
Beijo.
Eres una maravilla.Te deseo lo mejor del mundo querido poeta
ResponderExcluirQuerido Amigo.
ResponderExcluirGostei de saber que está mais aliviado de trabalho, já tinha saudades de o ler.
Admiráveis imagens poéticas, analogias, antíteses e metáforas que se conjugam em textos maravilhosos e muito agradáveis.
Li, reli e ainda vou voltar para ler novamente.
Esperando pelo livro...
Votos de um Dezembro de paz, tranquilidade e literariamente profícuo.
Uma semana repousante e tranquila.
O meu terno abraço, Beto.
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Venho sentindo sua falta, mas com o tempo observei que independente da estação que esteja vivendo, você tem o seu próprio tempo, ele não para nem na vida real, nem na telinha, ele passa e quando vemos passou.
ResponderExcluirLendo sua prosa, vejo a vida passar com turbulência, problemas, injustiças, a fúria de sentimentos bons e ruins, a vida em lama e fogo de realidade, em meio ao desgaste precisamos de fuga, acordar do pesadelo real e voar nas asas do sonho, na ponta de uma caneta voltar a ser criança com a eterna responsabilidade do faz de conta.
Dívida o seu tempo, se dê um dia, uma hora, uma vida para voar nas asas do seu prazer, isso sim é viver.
Na verdade , Iara; eu vivo intensamente… O texto não só retrata minha vida, mas sim, a humanidade; como pediu o projeto. Nesse , o "eu lirico" incorporou nossa frágil essência… Bom ter você por aqui. Grande beijo.
ExcluirBelíssimo texto para marcar o regresso.
ResponderExcluirAquele abraço, boa semana
Beto,
ResponderExcluirJá faz tempo que aprendi
que aqui nos blogs temos um
espaço estático com interação.
Pessoalmente não aprecio desculpas
ou cobranças. Mas justificativas
cabem sempre, é consideração com
os que se preocupam e não cobram.
Seus textos são lindos, uma delícia de
serem lidos. Aprecio as ilustrações,
sabe disso.
Sou grata por nos brindar.
Bjins
CatiahoAlc.
Um texto magnífico (mais um...).
ResponderExcluirParabéns pela sua futura publicação.
Caro Beto, continuação de boa semana.
Abraço.
Caro amigo das Gerais que bom lhe ver com esta magnifica inspiração para mais um voo numa antologia. A riqueza de metáforas nestas indagações e divagações criticas de uma humanidade um tanto quanto inerte e apodrecida e o fechamento no sonho de menino ficou lindo.
ResponderExcluirE chega-se a mais um fim de ano, com todas as suas correrias e atropelos, é preciso saber dosar e permitir ao corpo a recuperação.
Uma boa semana na paz de passarinho.
Terno abraço amigo.
Um texto absolutamente notável!!!
ResponderExcluirMuitos parabéns, pela merecidíssima publicação!...
São as responsabilidades, mesmo, que matam a criança que há em nós... e por vezes até a consciência da gente... quando outros valores falam mais alto...
Adorei o texto, que de indagação em indagação... parte da Terra, até chegar à mais pura essência de cada individuo... pois todos nos identificamos, com o seu eu...
Muitos parabéns, uma vez mais!
Um grande abraço!
Ana
Reli com o mesmo prazer e enorme admiração...
ResponderExcluirA sua participação muito abrilhanta a vossa antologia e honra a ALUZ.
Dias de prelúdio de Natal serenos e felizes.
Abraço grande.
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Amigo, enviei e reenviei um mail importante...
Penso que não reparou... Bj
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Beto,
ResponderExcluirNessa sexta feira
estou passando para
deixar meu abraço e reler
seus lindos textos.
Bjins
CatiahoAlc.
Passei para ver as novidades.
ResponderExcluirCaro Beto, aproveito para lhe desejar um bom fim de semana.
Abraço.
Si, Beto, amigo la vida nos da de todo algo como en la viña del Señor, pero es inmensamente hermoso poder contarlo. A veces no nos llega es brisa cálida que tanto deseamos, pero otras veces, el primer rayo de sol que entra por nuestra ventana compensa el mal rato pasado, nada hay fácil en este caminar por la vida.
ResponderExcluirMe tome la libertad de traducir estas letras tuyas.
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Yo limitado sobre mis piernas trémulas, apenas avanzo, un cansancio de vida inhalando el perfume y contemplo las flores sencillas. Sinxelas…
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Es una prosa preciosa, una joya de muchos quilates. Gracias
Te dejo un abrazo lleno de bendiciones para este año que termina y para el otro que comienza.2020.
que todos tus sueños se vean realizados.
GRACIAS POR TU AMISTAD.