Noite de estrelas. O homem sai às ruas. Esbarrou-se nas mariposas, nas rebeldes falcatruas. São tantas estrelas que vagueiam pelas ruas. São tantas luas, refletidas, nas poças das ruas nuas. O ar viciado embriaga o senso dos desavisados. o tabaco flutua em vapores secos e opacos. Na noite, em que as cores se acinzentam, os lobos caçam e as lobas amamentam. Os animais noturnos acuam e devoram. As mariposas perdem suas asas nos ares e, são devoradas, nos sujos balcões dos bares. As estrelas estão vermelhas. Os olhos, cansados, trocam as cores, deturpando o sentido cristalino. Na calçada, o homem vive o lado desatino. Vagam, pelas ruas, as mulheres rameiras. Tristes, vagam, pelas misérias; sem eiras nem beiras. Na noite, por mais sombria que seja, vagam os tolos boêmios, cantando lindas asneiras. Na calçada, cambaleia o homem, com tom embargado, cantante. Fuma um cigarro barato, revezando-o com a gaita, num tocar melancólico e angustiante. Um tombo, um levantar, um sentar desajustado. Ainda assim, sopra as notas, num soprar triste, de tons embriagado. Entre lágrimas e a dor do coração partido, procura refúgio, num pobre amor pago e distorcido. Sob a fria lua, um desabafo, jogado pelas ruas. Ante a lua, dançam as mariposas, sem asas, pobres e nuas. Na noite de estrelas e mágoas, cambaleiam as criaturas, pisando em distorcidos reflexos de luas, nas cinzentas poças de suas ruas..
Imaginação delirante, meu caro.
ResponderExcluirGostei muito de ler.
Nos fizeste ver perfeitamente o cenário... Lindo como nos colocas nele. Beleza te ler! Muito lindo e que maratona de tristeza nesse conto,mas assim é para tantos na noite,após decepções... abraços, chica
ResponderExcluirTanta opressão, angústia e solidão... Nas cores, nas bocas, nos olhares, nos sons.
ResponderExcluirUma tristeza doida,doída dum cenário aparentemente sem saída mas num porem tão belo, feito poesia que se inicia no fim das reticências da lua.
Ler sua criação me fez vagar por essas ruas nuas, sentir as peles vestindo corações partidos mas em contrapartida ainda senti em algum lugar por ali, um senso fugaz de esperança, pela vida que lateja sinalizando que deseja tocar cada personagem.
É sublime se deixar levar por sua inspiração.
Agradeço por esse momento e por sua presença no fora da internet.
Um excelente e original retrato de uma noite estrelada. Parabéns pela criatividade poética da sua prosa. Gostei imenso.
ResponderExcluirCaro Beto, um bom fim de semana. E bom Carnaval.
Abraço.
Boa noite de paz e alegria, amigo Beto!
ResponderExcluirConfesso que, mesmo de óculos, estou com dificuldade de ler sua postagem. Creio ser pela cor usada. Desde que publicou tenho tentado. Cada dia, entendo um pouco.
Desculpe-me, amigo.
Tenha dias felizes e abençoados!
Abraços fraternos de paz e bem
🙏🙏🙏
Boa noite de alegria, Beto!
ExcluirConclui leitura e percebo todo trajeto tão triste de ter que comprar e vender amor.
Creio que não se deveu à cor do texto que não compreendi de início e sim, de nunca saber na pele como se dá esse escolar amor e, nessa metamorfose, a tristeza tomar conta de um momento que deveria ser sempre sublime.
Seu texto tem toda performance especial. Um artista das palavras que transcende o óbvio.
Meus parabéns!
Tenha dias felizes e abençoados!
Abraços fraternos de paz e bem
*esmolar amor... desculpe-me, amigo.
ExcluirNo computador, tem cor normal, só agora que vejo. No cel, que é o que uso mais, aparece num tom azulado fosco e horrível para ler.
Bjm fraternal
Bravo amigo!
ResponderExcluirLi e reli na mesma velocidade que as criaturas da noite vagam, vi e revi lugares em sua inspiração. Lugares estes que aos poucos vão se desfazendo no crescente e evolutivo desenvolvimento dos velhos centros. Posso arriscar que viajei pela região da Lagoinha em Belo Horizonte e tropecei em figuras tristes, senti o bafo acre que vinha dos bares, onde as rameiras dançavam e eram tristes. Eu vi, juro que vi as mariposas se acabando numa tênue luz de um poste de ferro, já degradado pelo tempo, torto por escorar tantos bêbados e desfilei pela Guaicurus e fui sentir o ar bom numa praça de Santa Teresa.
Uma maravilha de texto, que me faz viajar amigo. Que beleza de escrita inteligente e inspiradora.
Meu abraço mineiro e feliz dias de folia com poesia.
Beto,
ResponderExcluirQue delíca esse jogo de
palavras bem colocadas
uma a uma. Gosto de ler
de uma só vez, mas
precisei parar a cada
frase para imaginar a cena.
Fantástico mais esse texto.
Adorei pensar/imaginar
as mariposas sem asas...
Bom carnaval.
Bjins
CatiahoAlc.
Triste coração em desalinho, cadê o ninho? Uma entrega a dor, do desamor! Um caminho sem razão, no desequilíbrio de emoção.
ResponderExcluirÉ sempre bom quando temos a oportunidade de ler algo que nos transporta para além da palavras e imaginação...
ResponderExcluirVocê tem esse poder!
Gratidão Beto por nos proporcionar a riqueza das suas criações!
Um abraço carinhoso
Quanta verdade tem nos seus escritos,
ResponderExcluirsó que vem de modo suave da pra vivenciar a dor e todo aprendizado da poesia.
Que venha então prosas e poesias.
Beijos Beto
... tão lindo e tão denso esse retrato das ruas tantas vezes visto nas décadas de 50 e 60, mas de uma realidade atual tão crua e dura e, mesmo assim o descreves tao bem... com tante clareza e realidade que parece doer...
ResponderExcluirUma poesia tao descritiva e atual que me comove!!! Parabéns!!!
ResponderExcluirTudo é tao belo, delicado, emocionante, que não se tem palavras para descrever seus escritos!
Obrigada por saber que nosso pais não e somente corrupção e falcatruas!!!
Ainda existe amor e ternura em almas como a sua!!! Amo demais esse blog!!!
Mas que noite estrelada é essa, querido Amigo!!
ResponderExcluirPara mim, é como fosse retirada de um baú de antiguidades!
Porém, li o comentário do Toninho... ainda é assim nos confins da Baía... vida dura... difícil de suportar.
Agradeço lembrar que, para muitos, tudo ainda é muito penoso.
Parabéns pela criatividade e pelo texto admirável.
O meu terno abraço.
~~~~~~~
Meu caro Beto
ResponderExcluirAngústia, tristeza, desilusão... todos estes e outros sentimentos nos transmite o teu excelente poema.
Gostei imenso.
Desejo bom Fim-de-semana
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Gostei de reler.
ResponderExcluirCaro amigo Beto, um bom fim de semana.
Abraço.
Ao ler imaginei a cena e mistério. Lindo amigo parabéns! Me desculpe ausência começo de ano é muito corrido, isso por que estamos em março hein? Mas a partir de maio, a rotina fica tranquila e será ais fácil acessar os blogs dos amigos. bjs
ResponderExcluirQue escrito mais bonito!
ResponderExcluirBETO,
ResponderExcluiressas noites de boemia só são belos em poemas, quando o autor dá um toque de cristal! Aquela coisa mágica e que tudo fica bonito. Mas na verdade, que vida triste, vazia sem rumo. Mas essa é a pura verdade de muitos. Existe, e não podemos ignorar.
Beijo, querido amigo, uma ótima semana!
Hola Guapo
ResponderExcluirtus letras siempre nos llevan a descubrir lo bello que ves la vida y las cosas.. No hay vidas vacías todas están llenas del alma de cada uno de nosotros Abrazos inmensos
Beto Ficou, não encontro palavras para elogiar tamanha imaginação. Lindo de ler, viajei neste cenário como se estivesse em frente a uma tela de Cândido Portinari!! Parabéns!!!!!
ResponderExcluirVoltei de novo para ver as novidades...
ResponderExcluirCaro Beto, um bom fim de semana.
Abraço.
A tristeza que embriaga, vida desanimada, sem rumo. Quem nunca passou por isso não é meu amigo querido?
ResponderExcluirMuito obrigada pelo carinho de sua visita.
Beijos e ótimo final de semana.