Páginas

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Raízes © Copyright



Estamos todos sós! E também as matas e os curiós. Somos brisas, tão perdidas nos caminhos e o que nos resta são os traços desse desassossego… há fumaça onde eu moro e não há fogo sob o cozido, mas há calor na morada da paz e cada um, num canto, canta o que não está de tudo perdido…

Estamos tristonhos de dó, porém o sentimento é um só… estamos tão sentidos no desalento… tiram-nos a paz e roubam-nos o nosso sustento… vejam as matas, onde nascem nossos ribeiros. Somos ribeirinhos, de todas as casas; Filhos dos mesmos canteiros! Entoamos os mesmos cânticos de piedade… E a temporada das queimadas que matam em nossos quintais abriram-se… queimam sem dó, os nossos celeiros.

É um sonho de dó, esse que acompanha nossos a sós… feito um sonho desaparecido… Feito as Marias fumaças que trilhavam lindas, num vagar bem ligeiro. Ainda matam nossas matas, secam nossas lágrimas e encurtam nossas cachoeiras; fazendo do árido, o triste roteiro… Nossos sentimentos e nossos sonhos são podados por inteiro… somos as flores secas, dos antes lindos campos de girassóis! E o que nasce e envermelha os nossos olhos, é um choro molhado pelo azedo, tosco e negro nevoeiro.

Há uma febre, e essa não passa… há delírios de esperança nos terreiros! Pois ainda temos a certeza de que o "sofreu" canta e gorjeia; o que todos sofremos… E os nossos sonhos são verdadeiros! É essa esperança que nos mata de saudades, nessas nossas trincheiras… E ainda fazem frios, os nossos lençóis e queimam nossos pendões, por suas próprias e negras bandeiras! Porém, ainda nasce a água clara e doce ribeira. É a consciência que brilha em todos nós, no azul de nossa verdadeira fé estradeira… pois somos, todos molhados e regados, pela imponente, pura e sagrada natureza brasileira.



Em meio ao silêncio da vastidão, Onde a fé e a esperança se encontram, Caminho na trilha da canção, “Romaria”, que em meu coração se encantam.

Vejo a lua, a iluminar a estrada, ouço o vento, a sussurrar segredos, sinto a terra, sob meus pés descalços, E o céu acima, repleto de enredos.

A cada passo, uma prece silenciosa, A cada suspiro, um desejo profundo, na romaria da vida, tão misteriosa, busco respostas no mundo.

Inspirado na melodia suave, de Renato Teixeira, tão amada, escrevo este poema, como uma chave, para a jornada da alma, iluminada.

Betonicou©