São como fios de cabelos que se entrelaçam por caminhos
escondidos. São como unhas que raspam meus nervos Sensíveis aos sons
estendidos.
São todos os meus poros abertos aos açoites gelados do vento.
São todas as impressões que meus olhos não veem, mas meus dedos sentem.
São todos os aromas que minhas narinas captam e proíbem. São
todos os ruídos que minha garganta emite, por uma língua inquieta e atrevida.
São estes meus sentidos que despertam meus desejos reprimidos.
São minhas orações que tomam Direções contrárias aos pedidos.
Eu arranhei todos os meus sons! Eu cantei uma música sem medida!
E eu acertei a tempo, no seu compasso, uma música que traz as lembranças de
todo o meu eu passado e preso.
E agora surgiu, singelo e oportuno, todo a tempo! E percebo fios
deste espaço, onde pendurados estão nossos jeitos. Eu percebo um palco, onde
somos marionetes dos defeitos.
Porque se serve de consolo: “O abandono é a ausência da
desesperança”. A solidão tem seu jeito mórbido de buscar, com tempo, a esperança.
São frios os momentos duros, em que precisamos nos buscar
aflitos. E eu hoje sosseguei esse eu, pois mergulhei na consciência de que faço
parte deste universo Usual ou esquisito.
São todos os olhares e cheiros, onde marcamos a partida de um
novo começo. E as lembranças, às vezes, são apenas retratos em uma sala vazia
que enfeitam sem apreço.
Eu hoje refiz os caminhos entrelaçados numa só linha que caminha
serena pela alma. Segui adentro... desfiz de todos os sentidos que prendiam esse
meu eu interno. Trouxe-me todo de dentro.