Eu
desejo criar um poema que seja como um objeto único e original. Que não use
palavras usadas e antigas, mas que invente palavras sem carregar nos ombros o
peso da certeza. Que brinque com as letras, que faça sons e ritmos, que crie
imagens e cores, uma “aquarela-íris” que deixe de alegria o cinza do céu. Que
seja um poema-objeto, um poema-brinquedo, um poema-arte, um poema solto do
poema, apenas letras.
Eu
desejo criar um poema que não tenha eu, que não tenha nada de pessoal. Que seja
um poema puro, um poema-coisa, um poema-sentimento. Que não fale de mim nem de
ninguém, mas que fale de tudo, das coisas, do nada do mundo. Que seja um
poema-forma, um poema-som, um poema-movimento. Um poema vida, letras relaxadas,
sem obrigações.
Eu
não sei criar um poema assim. Eu não sou poeta, sou só aprendiz. Eu não tenho
inspiração, tenho só curiosidade. Eu não tenho talento, tenho só vontade. Por
isso, eu peço perdão se o meu texto não vale. Se o meu texto não é texto, é só experimento.
Se o meu texto não é belo, é só estranho. Se o meu texto não é seu, é só meu ou
apenas um eco fraco da tentativa de todos nós.