Acordei
hoje com uma estranha sensação,
como se o vento que soprava pela janela tivesse mudado de direção. Não
era mais aquela brisa, tão
conhecida e costumeira que acariciava meu rosto, mas um sopro estranho, exótico, vindo de terras de tâmaras e videiras. Tem palmeiras, mas por lá, meu sabiá não canta. Um vento
carregado de histórias milenares e
promessas de um futuro que, sinceramente, soa como aquelas resoluções de Ano Novo que a gente nunca cumpre, e
que cada vez mais parece inalcançável.
O
Brasil, nosso gigante adormecido, parece ter acordado com um propósito novo. Virou as costas para o Ocidente,
não mais valente, e sim, desorientado, intimidado,
tipo aquele amigo que cansou das festas chiques e decidiu que a vibe agora é acampar no quintal do vizinho. Temos novos
companheiros, camaradas, juntos, acampados.
Sinto-me
como um girassol perdido em um campo de tulipas. Nada de bromélias, begônias ou camélias,
e eu aqui, tentando entender onde me encaixo nesse novo jardim que revira a
terra em tripas. As estrelas no céu
noturno parecem ter mudado de posição,
formando constelações desconhecidas que
piscam para mim, desafiando-me a desvendar segredos enquanto me perguntam: “E aí, tá entendendo alguma coisa?”
E
assim, enquanto o sol se esconde no horizonte ocidental, um novo amanhecer
desponta no Leste. As sombras das “ditas rapaduras” se misturam com a luz das promessas, criando um jogo de “mais duro que mole”, que me deixa mais confuso que cego em
tiroteio.
Será que estamos prontos para essa nova dança? Ou seremos apenas marionetes em um teatro
de sombras, movidos por mãos
invisíveis que ditam nosso destino? Porque, vou te
contar, o boneco aqui já
está meio tonto com tanto puxão, esse arranque de mais vai que vem, pois o
bolso também se cansa com esse
baque.
A resposta, talvez, esteja nas asas dos pássaros que cruzam o céu, livres e sem fronteiras, lembrando-nos que, no final das contas, somos todos cidadãos do mundo, navegando juntos nesse vasto oceano de incertezas. Às vezes, só queremos encontrar um barquinho para descansar.