A literatura me sufoca. Preciso
respirar versos livres. Sem mais, deixo-me questionar as letras que isolam e
pesam. Em meio ao emaranhado de letras, busco a poesia na simplicidade. Nos
versos simples, encontro a minha voz.
Ao fim do dia, o céu se envolve em
palavras noturnas e adormece, aguardando o despertar em brotos de versos. Em
minha alma, carrego a profundidade dos oceanos e as intempéries de suas ondas,
assim como a serenidade dos lagos, o florescer, o cair e o renascer das folhas.
Bastam as estrelas, o sol e a lua. De
mim, apenas o dia que nasce ao abrir dos olhos, e uma alma que acolhe tanto as
chuvas quanto a aridez, sem contestar a razão. Na sinfonia da existência, cada
nota é um adeus e um novo começo. Vivo e morro a cada instante, em um eterno
ciclo de renascimento.
Sou a própria contradição, um ser de
luz e sombra, de vida e morte. Em busca da essência, desapego-me do supérfluo.
Mesmo que cada um dos meus poemas tivesse mil páginas, ainda assim não seriam
suficientes para conter a vastidão dos meus sentimentos.
A pedra nos ensina o silêncio da espera e a arte da contemplação na inércia. De repente, me apaixonei por frases pequenas; miúdas, mas que guardam a vastidão do universo e a essência das suas sutilezas. A frase me completa, numa sentença que constrói meu verso. De verso em verso um universo. Visto-me de neblinas, do vapor presente, das camadas aéreas que sobrevêm sobre os fatos dos meus dias.