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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Antíteses © Copyright

 


Ai de nós, que oramos com voz
alta,
Que nos ferimos com a lâmina,
E nos espetamos com o espinho e a
 flor.
Ai de nós, que andamos sob a
 prata.
Se das nuvens a tormenta nos
aflige,
Se o infinito nos abriga,
Com a gota e o trovão
A lua verte raios; e a maldade
 nos faz ouvir murmúrios.
Os grilos trilam, em coro com a
 cigarra, um canto úmido.
Se paz na guerra é vida e sorte
A morte é o silêncio, o sufoco, o
 engasgo, e o fim do grito
Ai de nós, que buscamos a
 verdade,
Se a mentira nos seduz e nos
 acalma.
Que nos perdemos na estrada,
E nos achamos na ilusão e na
 demência.
Ai de nós, que sonhamos com o
 ouro.
Se das estrelas a escuridão nos
cerca,
Se o destino nos assusta,
Com a sorte e o revés.
O sol nasce e se põe; e a
 esperança nos faz ver o
 horizonte.
Os pássaros planam, em harmonia
 com o vento, um canto livre.
Se amor na dor é força e fé.
A vida é a luz que fulge; o
 coração que pulsa, e canta o
 hino.


Betonicou©

Arte: Rebecca Rebouche