Ai de nós, que oramos com voz
alta,
Que nos ferimos com a lâmina,
E nos espetamos com o espinho e a
flor.
Ai de nós, que andamos sob a
prata.
Se das nuvens a tormenta nos
aflige,
Se o infinito nos abriga,
Com a gota e o trovão
A lua verte raios; e a maldade
nos faz ouvir murmúrios.
Os grilos trilam, em coro com a
cigarra, um canto úmido.
Se paz na guerra é vida e sorte
A morte é o silêncio, o sufoco, o
engasgo, e o fim do grito
Ai de nós, que buscamos a
verdade,
Se a mentira nos seduz e nos
acalma.
Que nos perdemos na estrada,
E nos achamos na ilusão e na
demência.
Ai de nós, que sonhamos com o
ouro.
Se das estrelas a escuridão nos
cerca,
Se o destino nos assusta,
Com a sorte e o revés.
O sol nasce e se põe; e a
esperança nos faz ver o
horizonte.
Os pássaros planam, em harmonia
com o vento, um canto livre.
Se amor na dor é força e fé.
A vida é a luz que fulge; o
coração que pulsa, e canta o
hino.