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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Entre o Dia e a Noite© Copyright

 

 

Ninguém mais entardeceu, quando eu fiquei assim. Noite e dia nos olhos meus, sendo à tardinha uma poesia, antes sombreada de recheios das coisas dos meus afins. Sempre ia nos olhos teus colher jasmins. Era guri de um dia. Homem virou gaiola de sentimentos de andorinhas. Homem voou no dia, e anoiteceu sem entardecer. O céu sempre foi azul, sem nuances de cinzas. As nuvens sempre acompanharam meus passos, a esperança sempre abriu os laços, as fendas, para eu sempre dizer que era dia. A chuva me molhava e eu até sorria. Me divertia com as gotas assanhadas, elas me banhavam com a ternura de poesia. E sempre era assim: Esperava o entardecer, mas dormia. A noite me acordava dizendo: Já vai ranhar o dia!


Nem as estrelas, a contemplar. A ver o mar, mesmo em neblinas. Sem ver a luz do sol. Nem a atmosfera cristalina. A chuva vem chegando deste frio que em nuvem baixa se evapora. Nem sei se é dia, ou se virou noite. As ondas quebram, e nem achei o brilho das turmalinas. Acho que a noite chegou, pois o céu nem entrega se é dia ou noite, ou se é noite e dia. Um eclipse, entre a calma e a melancolia. A cigarra anuncia em suave harmonia; A chuva vem chegando. Percebe-se quando se entende a poesia, se é água ou vinho feito sangria. Se é doce, feito paz na nostalgia. Experimento o sabor da noite que sinto que vem anunciando. Amanhã quem sabe o mar brinca de azul!


Betonicou©

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