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sábado, 18 de junho de 2022

Sopro de beija-flor© Copyright

 


Se eu beijo, é beijo de passarinho, flor de lua que vem chegando. Quando vejo, já beijei, em aquarelas, lindas cores que pintei a flor, que o meu bico de néctar, vai, de cor e sabor, semeando. Para beijar a flor viro beija-flor. No frio, anseio: não o verão, mas sim, as primaveras. Desejo os lábios doces das azaleias. A terra é céu de estrelas floradas. A lua, é rosa a desabrochar, em prateada flor no céu das madrugadas. Aqui tem jardins floridos. Tem centeio, joio, misturados num sortido campo de trigo.  Se sou forte ou fraco, nem ninho faço. Neste jardim, nem eu mesmo fico. Sou passarinho aterrizado, pois no chão sou menino, mesmo eu a brincar; mesmo sempre comigo.  Em um beijo magro ralo o corpo, a palpitar, ecos de destemperos.  Se te beijo, sou pássaro errante, a pousar nos lábios o beijo carregado de exageros. Sou apaixonado, itinerante de beijos soprados. Se te beijo, sopro em tua boca desejos cálidos, um sopro embevecido. Sou vento em brisa a beijar a boca da face extasiada. Sou chuva mansa a salpicar de gotas apaixonadas os lábios relutantes. De beijo em beijo, sou pássaro de voos itinerantes. Sou toque, a roubar do vento, memorias, que esvoaçam em breves ares moribundos. Sou beijo anélito, sou seta ferrenha, a calar em beijos, a soprar lábios, em eternos, divagantes e doces segundos.

Betonicou©