A vida tem seus diferentes encantos. Alguns doces, outros
amargos, feitos de chocolate, que nos viciam ou nos enganam com amarguras
doces. Às vezes, me debruço sobre a janela, feita de extinção, que é minha
imaginação retrógrada, de uma lembrança escondida, num canto de uma sala vazia.
Havia o terreiro com seus fios estendidos, onde se penduravam as cores que um
dia seriam faixas mortuárias de uma tênue humanidade. Havia uma prateleira
repleta de sorrisos vazios. Outra: esbanjava risos abertos de palhaços,
viciados em sorrisos construídos. Era pão, aquela massa torrada, a preencher o
vazio da fome e era nuvem, aquela viagem lisérgica, a encher meu estômago, de
borboletas, feitas para voar minhas ilusões. As memórias divagantes são
transeuntes, soltas, a perambularem a esmo pelo ar. A vida segue, tão distinta.
Os passos trilham caminhos, em ruas bifurcadas: a fim de se encontrarem, de se
calçarem e de se amarrarem, em vivências entrelaçadas e contínuas.