Para mim, uma boa leitura, tem que emprestar-me asas. Tendo a ser pedra, um Ícaro que despenca diante de um ambiente desanimador. Letras duras pesam-me os olhos, por isso, páginas devem ter ares leves, naves, que possam levitar o peso de uma paciência embrutecida. Ninho, onde pousar as asas cansadas dos olhos e, estrada, por onde deve-se caminhar passos desbravadores para novas experiências. Livro deve ser cordial, bom anfitrião ao visitante que busca néctar para a sede insaciável e, a ambrosia, para matar a fome num banquete na mesa alheia. Meus olhos tem retinas cansadas, por isso, anseiam as macias nuvens por onde pousar o tatear que procura algodão. Asas de libélulas que procuram águas calmas, abaixo das taboas, um reflexo de sua delicada e extrema leveza. Gosto de letras que são plumas. Das poéticas levitações dançantes das folhas levadas no dorso dos ventos. Gosto da flor dente de leão, que ruge em pétalas, soltas, dançantes, nas delicadas brisas das imaginações. Gosto de ler nuvens.