A vida, mesmo simplificada, é uma
fase complexa no tempo. Mesmo com coisas complicadas e explosões multiplicadas,
eu entendo. Coisas muito óbvias não me deixam com a face atônita. A surpresa,
mesmo que justificada, atinge-me, como uma bomba atômica. Sou estrangeiro numa
fração tão temporária. Sou morador de uma rua sensibilizada e eternizada. Sou
beija-flor de uma flor a ser polinizada. Que seja flor: as idas às minhas vias
de vidraças facetadas, ofuscadas, espelhadas ou, até mesmo, fragmentadas. A
vida é mesmo um ciclo muito prático, porém, às vezes, apático, tento entender o
que é ser empático. Mas, caso for polemizada, a estender-me uma via-sacra não
profetizada, não lamento; tento compreender. Tento ouvir o óbvio: esse, nem
sempre muito claro, mas, mesmo devassado, eu desentendo. As coisas inusitadas,
quase sempre, são os meus esperados e raros momentos válidos. Instantes a serem
celebrados; isso, mesmo que manco, vou compreendendo. A vida é um varal de
sonhos dependurados. Roupas coloridas, claras ou encardidas, ao sabor dos
ventos. Talvez, eu possa até estar errado, em não entender os contratempos. A
vida é extraordinária, mesmo que, descarada, em rios e mares de ondas eriçadas
de eventos, nem sempre, por nós, esperados. O que se espera são apenas os fatos
sérios para agradecimentos. Talvez, estejamos todos mascarados, manipulados por
correntezas. Um rio manso, talvez, nos agrade. Uma brisa mansa, talvez, nos
ampare. Um mar, talvez, nos escancare possibilidades: mesmo que, imaginárias,
sejam as expectativas por acontecimentos. Olhar o céu! O céu, esse fascinante
vazio! “O silêncio, pendurado na beleza de um grito intenso, numa esquina
qualquer”.
Betonicou©
Arte:
Armandine Jacquemet Soares
Gostaria de
dizer que sinto muito pelo meu sumiço, mas acreditem:" É com o silêncio que me curo desse mundo". Obrigado a todos pelas
mensagens de feliz páscoa!