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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Laços de raízes © Copyright


O que é a amizade, senão dois galhos de árvores distintas que se entrelaçam ante as sortes lançadas ao vento, raízes que se tecem e sobem até as altas nuvens, fazendo chover sobre o chão árido, agarrando-se num abraço forte, diante das intempéries, dos contratempos. São forças que se completam. Companheirismo no céu, no mar e na terra, passarinhos a soprarem as velas, esforçados ventos. São caminhos que se encontram numa bifurcada trilha com pedras e frágeis cancelas. São mãos dadas, passos lado a lado, ombro de amparo, sentimento doado. São almas que compartilham o mesmo vento a lhes propulsar as vidas levadas pelo comum agrado. Amizade é oração que se eterniza, é solo onde se ergue, é vento que voa nas asas do sagrado.


Betonicou©

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Pássaro anoitecido © Copyright

                                                                        

Ah, mãe noite, com olhos de estrelas e lua! Ah, sol! Pai exaltado, amanhecido, contemplado! De minhas janelas, namoro as fases de minha rua. Visões mais belas, quando, na minha terra, enamorado, eu estou a contemplar-lhes do chão. Faço reza esvoaçante, feito flor de leão. Assim, vou eu: lançado, à deriva ao vento, numa prece, desprendido em oração. Quando, no cerrado, a cavalo, a trafegar em galope, observando o dia, anoiteço sem perceber que, em espirito, eu já amanheço. A alma se entrega, em asas velozes, às singelezas de passarinhos. Sou pardal, canário e curió destas matas de plantas rasteiras, onde árvores mães acolhem-me na brandura de seus ninhos. No tempo que é noite, sou passarinho preto envaidecido, a cantar, num momento esquecido, num gorjeio longo, insone, de alegres rasantes emplumados. Em alto brado, num choro de alegria amanhecida, pouso em meio aos meus: singelos seres, pássaros encantados. Suavemente, as estrelas se retiraram, então, posso fazer meu canto dormir pela tarde mais tarde acontecida. Oro ao céu que me sombreia mais uma vez, numa noite enaltecida que ilumina generosa de estrelas e lua a ternura do voar que está por vir.  Ah, veredas! Oásis, onde pouso a minha sede! Há lugar melhor sobre esse chão?! Sou, também, o homem que descansa o seu corcel da poeira empobrecida ou, quem sabe, seja esse meu cavalo lunar, errante, pois das estrelas, talvez, tenha se tornado vagante. Serão suor ou orvalho as águas vertentes desse meu valente alazão?! O meu lado que dorme, na relva primaveril enverdecida, divaga solto, em alma leve, como pétala que voa embevecida. Tornando tudo mais visível desta terra o lindo céu do meu sertão.


Betonicou 
Arte:Tracie Grimwood -tadashi nakayama

Poema inspirado na obra " Grande sertão: veredas"  do grande , João  Guimarães rosa. 
Responderei se for preciso. 


domingo, 26 de setembro de 2021

Refúgio © Copyright

 

                                                                              


Ah, se tiro das nuvens tempestades: os trovões são minhas expressões de gritos. Se as águas
são o meu derramar de verdades ou inverdades: diluo-me, com prazer, entre as ruas e  guetos, os meus conflitos. Dançando, sou eu, a banhar a pele nos vários encontros com os pingos. A chuva que molha, é a mesma que lava, a mesma companheira, na dança, que minha alma abraça e se declara. A alegria vem pela manhã. O sol, é lençol brilhante que me entende. As notícias procuram saber onde estou. A chegada dos fatos, na minha noção, não me surpreende. O que aconteceu nas ruas e becos, o que se revelou, entre o abrir e o aperto. O que não está: por entre as frestas se espia, onde a verdade, na realidade se esconde. Os pés que tateiam o chão, são os mesmos que o compreende. Os rostos, molhados ou não, são máscaras, do que se subentende. Ao tentar descobrir a noção: a razão é a emoção que me esconde. Vidas derramadas nos divãs, são enxurradas, ou levezas de águas no chão. A tarde? A tarde, é parte do tempo, para saber onde estou. Antes de cada manhã, a noite preparou-me um varal, para secar sob o sol, o que de tarde  molhou. O que de mim: pingos, que não se derramaram em vão. 
Betonicou©
 
Arte: Riccardo
 Guasco

domingo, 12 de setembro de 2021

Natural Brasis © Copyright

 



Esfregue-se em mim, flor de orquídea

Recatada, mas assanhada em minhas danças.
Tens o sorriso da mulher indígena,
emoldurado por teus cabelos de tranças.
Tal beleza me fascina,
morena linda de largas ancas.

Cheiro doce de canela marrom.
Teu corpo é todo um poema!
Podias ser chamada de Iracema,
mas guarda em si: o lindo nome de Jurema.

Sensual e alegre filha dos seres mágicos: tupis-guaranis.
Criada nas matas, és linda, das mais formosas ninfas tupiniquins.
Formosa mulher, suave e serena.
Doce Jurema, esfregue-se em mim!

Dispa-me com teus olhos e brilha-me com tua luz estonteante.
Você, sinuosa canoa, enfeitada de lírios e, eu, teu tripulante.

Em tuas curvas de canela morena e em teu sorriso branco marfim,
nasce um beijo de teus lábios vermelhos, macios, como pétalas de rosa carmim.

Ando em tuas trilhas e estremeço em tuas linhas, em teus delirantes caminhos.
Teu corpo exala cheiros exuberantes.
És, formosa flor sem espinhos.

Teus cabelos pretos, feito cor anoitecida, sem medidas,
cobrem toda tua linda nudez esculpida.
Cobrem-te e protegem-te.
Faço-me desbravador de tua linda riqueza escondida

Percorro os teus caminhos de matas nativas.
Nas trilhas de belezas, nunca por mim imaginadas.
Em teu paraíso de deusa morena, escondo-me,
na maravilha de terras, esperando por mim, serem desbravadas.

Esfregue-se em mim!
Impregna-me com teu cheiro canela e forte odor de amor.
Deusa marrom canela, cubra-me com teu corpo de mulher e,
faça deste tempo, infindável prazer de amor.
Com tua pele de veludo de flor,
nos tornamos um só momento de cor.

 



Beto nicou

Arte: Julianna Brion

 

 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Moheki © Copyright

 


Não me ouvirão, pois cá estou, dentro do meu silêncio, mas quero que saibam! Fui até os vales colher flores e os espinhos me abraçaram. O vento murmurou em meus ouvidos a música, que ali mesmo embalou meu sono e meus olhos se fecharam, para que viessem a ver dentro de mim mesmo, o que havia, além dos olhares físicos. As flores abraçaram minha nudez enquanto as águas as regavam, para fazerem brotarem sob minha pele as suas raízes. O sol brilhava majestoso em minhas retinas conforme minhas luas negras fitavam no espelho das águas, a nudez que as flores cobriam. Era um jardim que crescia e as pétalas coloridas sobre meu corpo seriam, as mesmas que enfeitariam a lápide que um dia o guardaria, como lembrança póstuma desse meu singular mundo. As trepadeiras aproveitavam os caminhos vagos e se faziam crescer tornando o meu muro de pedra, um tapete de folhas de esperanças e os pássaros faziam seus ninhos dos espinhos deixando apenas as flores, que também protegiam a mim do meu próprio frio. Não quero que me ouçam, mas apenas fui ao vale colher minhas próprias flores do silêncio onde minha alma abraçou aquele mundo enquanto as águas lavavam o grito que teimava em ecoar em minhas montanhas. E o mundo não ouviu o meu pisar sobre os gravetos secos e, à medida que meus espinhos serviam de casa para o descansar das asas brancas de pequenos anjos, eu sonhava a minha história, no silêncio de minha alma.” 

  


(Trecho de introdução do livro " Moheki", de minha autoria.)


(Acima, capa do livro)


 “Moheki,” é um livro onde a poesia passeia montada em ventos de várias direções. Onde o sagrado e o profano se reúnem num mesmo quintal, feito harmonia e caos. Um navegar natural nos recursos imaginários, fecundados pelo sagrado ato do: "ser".  (Betonicou)

  Ilustrações exclusivas do livro- autoria: Yasmim mesquita. 

Estou compartilhando com vocês amigos, esse momento muito importante de minha vida. Confesso que estou sentindo as  emoções vindo como uma erupção vulcânica.  Pensei que seria mais leve, mas tudo traz uma responsabilidade tremenda. Lançamento será numa live. Odeio lives! Sou tímido. 

Responderei na medida do possível. 

terça-feira, 27 de julho de 2021

A liberdade das coisas © Copyright

 

Ah, anseio despertar do silêncio asfixiante que me aprisiona. Ecoar meus gritos ao longo das margens daquela serra distante. Um monte, onde aos seus pés, possa adormecer como um viajante errante. Quero vagar, liberto de minhas memórias, construindo novas lembranças na jornada de descobrir uma terra desconhecida. Sentir a carícia de um vento novo, um olhar que fascina a alma. Despertar uma chuva de gotas leves, uma calmaria repentina. Não quero tempestades duradouras, nem rios mansos, pois preciso fazer valer, ou ao menos amenizar, o meu grito. Deitar-me na relva verde, onde, imerso em meus pensamentos, permito que adormeça em mim o sentir que reflito. Entardecer em silêncio, num esfriamento de uma manhã ensolarada. Anoitecer vagante, despreocupado, na relva, feita leito, de um adormecer que anseia por um sono imperturbado. Na madrugada, contemplar as estrelas, enamorar-se da lua. Sentir cabelos leves ao toque de meus dedos. Deixar meus atos escorrerem na face do ser amado. Versar em silêncio, pois apenas os gestos gritam as vertentes da chuva que se transforma em dança, ao amor de longos instantes. Anseio pela manhã, onde, brilhante, o sol desponta. Anseio pelo dançar dos ares, pelo voejar leve dos passarinhos, livres das grades, no ninho dos amantes. Uma liberdade emancipada dos ares pesados. Jorrar a vertente de um som, de uma voz alta, porém, com a calmaria de uma brisa mansa. Ser um navegante em ventos ressoantes.

                                                         

Betonicou©

Arte-: Yoko Tangi

Responderei caso for preciso

terça-feira, 13 de julho de 2021

Andança © Copyright

 


A vida tem seus diferentes encantos. Alguns doces, outros amargos, feitos de chocolate, que nos viciam ou nos enganam com amarguras doces. Às vezes, me debruço sobre a janela, feita de extinção, que é minha imaginação retrógrada, de uma lembrança escondida, num canto de uma sala vazia. Havia o terreiro com seus fios estendidos, onde se penduravam as cores que um dia seriam faixas mortuárias de uma tênue humanidade. Havia uma prateleira repleta de sorrisos vazios. Outra: esbanjava risos abertos de palhaços, viciados em sorrisos construídos. Era pão, aquela massa torrada, a preencher o vazio da fome e era nuvem, aquela viagem lisérgica, a encher meu estômago, de borboletas, feitas para voar minhas ilusões. As memórias divagantes são transeuntes, soltas, a perambularem a esmo pelo ar. A vida segue, tão distinta. Os passos trilham caminhos, em ruas bifurcadas: a fim de se encontrarem, de se calçarem e de se amarrarem, em vivências entrelaçadas e contínuas.

Betonicou©

Arte: Iban Barrenetxa

Responderei caso for necessário. .

 
  

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Entre outras ... © Copyright

 



A beleza da liberdade é essa:
saber que não há certezas
para quem tem asas!
A beleza de um futuro é
o presente vencendo fronteiras.
Há patamares terrenos que
não alcanço.
Sonhos são asas na realidade,
por isso, prefiro as nuvens.
Quando creio sou cego na
certeza, por isso, chamo de fé.
É mais fácil flutuar em água
calma que transportar a
montanha, assim sendo,
a inércia é parceira dos
desprovidos de esperança.
Peixe sobe o rio para desovar
o amor.
Chamo isso de sobrevivência,
pois é mais fácil descer, porém,
o subir pertence àqueles que
aspiram degraus que os
levem a um particular céu.
Esperança tem o rosto daquilo
que queremos almejar.
Gosto das idas que sobem
tentando alcançar o prêmio
de uma coragem absurda.




Betonicou-Arte : FR

sábado, 19 de junho de 2021

Ler nuvem © Copyright

 

Para mim, uma boa leitura, tem que emprestar-me asas. Tendo a ser pedra, um Ícaro que despenca diante de um ambiente desanimador. Letras duras pesam-me os olhos, por isso, páginas devem ter ares leves, naves, que possam levitar o peso de uma paciência embrutecida. Ninho, onde pousar as asas cansadas dos olhos e, estrada, por onde deve-se caminhar passos desbravadores para novas experiências. Livro deve ser cordial, bom anfitrião ao visitante que busca néctar para a sede insaciável e, a ambrosia, para matar a fome num banquete na mesa alheia. Meus olhos tem retinas cansadas, por isso, anseiam as macias nuvens por onde pousar o tatear que procura algodão.  Asas de libélulas que procuram águas calmas, abaixo das taboas, um reflexo de sua delicada e extrema leveza. Gosto de letras que são plumas. Das poéticas levitações dançantes das folhas levadas no dorso dos ventos. Gosto da flor dente de leão, que ruge em pétalas, soltas, dançantes, nas delicadas brisas das imaginações. Gosto de ler nuvens.



(Betonicou)
Arte: johanna wright

Nesses dias, estou a trabalhar no lançamento do meu primeiro livro de uma trilogia. "Moheki," deve nascer entre agosto e setembro se Deus quiser!



domingo, 25 de abril de 2021

Numa esquina qualquer © Copyright

 


A vida, mesmo simplificada, é uma fase complexa no tempo. Mesmo com coisas complicadas e explosões multiplicadas, eu entendo. Coisas muito óbvias não me deixam com a face atônita. A surpresa, mesmo que justificada, atinge-me, como uma bomba atômica. Sou estrangeiro numa fração tão temporária. Sou morador de uma rua sensibilizada e eternizada. Sou beija-flor de uma flor a ser polinizada. Que seja flor: as idas às minhas vias de vidraças facetadas, ofuscadas, espelhadas ou, até mesmo, fragmentadas. A vida é mesmo um ciclo muito prático, porém, às vezes, apático, tento entender o que é ser empático. Mas, caso for polemizada, a estender-me uma via-sacra não profetizada, não lamento; tento compreender. Tento ouvir o óbvio: esse, nem sempre muito claro, mas, mesmo devassado, eu desentendo. As coisas inusitadas, quase sempre, são os meus esperados e raros momentos válidos. Instantes a serem celebrados; isso, mesmo que manco, vou compreendendo. A vida é um varal de sonhos dependurados. Roupas coloridas, claras ou encardidas, ao sabor dos ventos. Talvez, eu possa até estar errado, em não entender os contratempos. A vida é extraordinária, mesmo que, descarada, em rios e mares de ondas eriçadas de eventos, nem sempre, por nós, esperados. O que se espera são apenas os fatos sérios para agradecimentos. Talvez, estejamos todos mascarados, manipulados por correntezas. Um rio manso, talvez, nos agrade. Uma brisa mansa, talvez, nos ampare. Um mar, talvez, nos escancare possibilidades: mesmo que, imaginárias, sejam as expectativas por acontecimentos. Olhar o céu! O céu, esse fascinante vazio! “O silêncio, pendurado na beleza de um grito intenso, numa esquina qualquer”.


 

Betonicou©

Arte: 

Armandine  Jacquemet Soares

Gostaria de dizer que sinto muito pelo meu sumiço, mas acreditem:" É com o  silêncio que  me curo desse mundo".  Obrigado a todos pelas mensagens de feliz páscoa!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 1 de março de 2021

Porto © Copyright


 Vento forte às
Velas
Empurra a
Sina.
Se mar brando:
Vida
 Em nau se estagna
 
Se perpassas
Linhas
Deste tempo:
Força!
Oro ao vento.
Prece.
Às velas o elemento!
 
Se miras onde
Mirra
Cheira em flor;
Destino.
É dos navegantes:
Porto
Seguro de retirantes
 
Ai, do mar sem
rigor,
Sem ondas a
Calçar
Pés dos itinerantes.
Tempo?
 Vento aos divagantes!
 
Lá está a terra!
Broto
De jardim de mar.
Flor
Desponta à vista.
Torrão
Onde se quer chegar.
 
Ai, ansiedade!
Gleba
Que é canteiro.
Pátria
Vestida de mar.
Pequena,
Colossal, celeiro.
 
A sonhar me vejo
Marujo.
A buscar velejo.
Céu!
Terra, por onde
Aportar.
Paz que tanto almejo.



 By betonicou

Arte: Nicole Ray



( Uma pequena homenagem aos meus amigos de Portugal)
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Evidências © Copyright

 

 Sou um louco, lucidez me amanhece, em algum dia, desses quaisquer.  Semente na ribanceira, rolando e germinando, onde bem quer. O meu amor fecundo, procurando nesse tudo, o que restou de um segundo. O tempo, que sempre me fez povo, nesse tão diminuto tempo do meu mundo.  E, sou as pedras das calçadas, regadas de todas as pisadas. Sou o homem, um dos filhos, brincando nas calçadas, entre as jogadas. Sou um homem desse povo!  Sou uma das caras fantasiadas, do dia de cada cena que reprovo e, a minha voz tão aflita, o acaso sempre rejeita.  A minha paz tão contrita, às vezes, nada representa. Então, ouço as falas que se ocultam. Sinto os segredos que se aprofundam, nos mares, nos lares, na alma e, naquele olhar que vaga na trama e, me reclama.

 Sou a voz do desconforto quando o vento balbucia o que não quer gritar. Sou ares tão anfíbios, pois sou águas e respirar! Mas, é a paz que é o meu consolo e a minha fortaleza. Sou de sonhos, não de ferro ou de tijolo. São os medos que resisto naquele parque de brincar. São as ondas de palpites que me naufragam nesse mar e, o que ninguém sabe, ninguém destrói com desconsolo. Quando todos sabem, às vezes, ninguém sabe ou entende, quando a alma pede colo: aí, é a febre que respira, é a onda dos altos e baixos de amar! É aquele beijo que não existe ou ainda persiste naquele ato de divagar. Sou o homem que calado sonha. Sou a pessoa que perdoa, no silêncio dos ares, na rua e na trama ou, onde silente, meu coração inflama e, ainda, a alma declama.



By betonicou

Arte: André Neves

Responderei se preciso for. 

 

 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Manhã © Copyright


Ah, quando
avesso,  
O céu
amanhece
de um
adormecer
Gentil.
 
Se retiras
A lua,
brilhas, toda
nua.
Nasces bela
num
 raiar sutil.
 
Ah, manhã,
Singela!
Clara és
sem brilhar
a vela.
Assim, radiante,
és céu!
 
 Ai, quando
Tempo
de luz raiada,
és flor.
Vergonha
desnuda do
véu.
 
    Que, quando
nasces,
a estenderes
  douradas
mechas Ou, de
 Gotejantes
Perfumes:
 
da lua és
herdeira,
nasces estrela.
Deslumbre!
Colo de dormir
Vaga-
Lumes.
 
Se quando aurora:
brilhas!
És tesouro!
Manhã?
Deus!
 Olhares ao
 Mundo.
 



 By betonicou

Arte: Rassouli art studio

 

 Responderei se for preciso. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 3 de janeiro de 2021

Flor de vento © Copyright




Vem brisa
Suave.
Jasmim e cheiro.
Frescor.
Flor de vento.
Sutil
Cair de nevoeiro.
 
Vem leveza!
Espuma.
Alma por inteiro.
Pureza.
Odor de amar.
Broto
De canteiro.
 
Livre vida.
Serena.
Quando mar;
Velejo.
A velejar o cio.
Ondas
que mesmo crio!
 
Baixo paraíso.
Ninho
De passarinho.
Flor!
Cheirar desejo.
A ninfa;
A amar-me, vejo.
 
Ao coração
Almejo
Despejar no
Amor.
Se gemidos,
Gritos,
É prazer, não dor.
 
Aos pardais:
Pífaros
De gorjeios.
Canários:
curar anseios!
Manso
sou, sem rodeios.
 
Sou assim:
Amante.
No amor me vejo
Viajante
Nas pétalas do lírio.
Anjo?
Causa e delírio.


By betonicou

Arte: Helena Korolyu & Beatris Martín Vidal.

Responderei caso for preciso.