Esfregue-se em mim, flor de
orquídea
Recatada, mas assanhada em minhas danças.
Tens o sorriso da mulher indígena,
emoldurado por teus cabelos de tranças.
Tal beleza me fascina,
morena linda de largas ancas.
Cheiro doce de canela marrom.
Teu corpo é todo um poema!
Podias ser chamada de Iracema,
mas guarda em si: o lindo nome de Jurema.
Sensual e alegre filha dos seres mágicos: tupis-guaranis.
Criada nas matas, és linda, das mais formosas ninfas tupiniquins.
Formosa mulher, suave e serena.
Doce Jurema, esfregue-se em mim!
Dispa-me com teus olhos e brilha-me com tua luz estonteante.
Você, sinuosa canoa, enfeitada de lírios e, eu, teu tripulante.
Em tuas curvas de canela morena e em teu sorriso branco marfim,
nasce um beijo de teus lábios vermelhos, macios, como pétalas de rosa carmim.
Ando em tuas trilhas e estremeço em tuas linhas, em teus delirantes
caminhos.
Teu corpo exala cheiros exuberantes.
És, formosa flor sem espinhos.
Teus cabelos pretos, feito cor anoitecida, sem medidas,
cobrem toda tua linda nudez esculpida.
Cobrem-te e protegem-te.
Faço-me desbravador de tua linda riqueza escondida
Percorro os teus caminhos de matas nativas.
Nas trilhas de belezas, nunca por mim imaginadas.
Em teu paraíso de deusa morena, escondo-me,
na maravilha de terras, esperando por mim, serem desbravadas.
Esfregue-se em mim!
Impregna-me com teu cheiro canela e forte odor de amor.
Deusa marrom canela, cubra-me com teu corpo de mulher e,
faça deste tempo, infindável prazer de amor.
Com tua pele de veludo de flor,
nos tornamos um só momento de cor.
Beto nicou
Arte: Julianna Brion