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domingo, 2 de agosto de 2020

Teimosia © Copyright



Sou pássaro das estações.
Sou festeiro, porém, nesse
breve tempo, sou ares
em desalinhos.
 
Sou asas de lua, sol de brilhos.
Nesse momento torto
sou asas de murmurinhos.
Sou vento que voa a estratosfera,
longe de tudo, da minha terra.
 
Que saudade da paz imensa,
dos abraços, dos toques,
das flores sem seus espinhos.
 
Sentimentos guardo:
sou celeiro de grãos,
dos frutos e dos vários
sabores de vinhos.
 
Imagino em pensamentos
burburinhos; saudoso da
liberdade, da paz singela.
 
Há choro! Confessar preciso,
pois escrevo aqui a saudade
de uma vida longe desta cela.
 
Grão de poeira, mistério solto
nas estradas.
Não há luz que faça ver
o que faz sofrer a alma andante
nesta vida que é caminhada.
 
Canção se fez choro, pífaro se
fez torto para gorjeios não
musicados.
Ainda sou leve sem rodeios,
mesmo que anseios me levem
em ventos tão conturbados.
 
A voz que trago, de uma confiança
retornada aos primeiros voos,
longe do ninho, faz-me asas trêmulas,
porém, ainda luto, o voo de
rumo de passarinho.
 
A paz que anseio: é vida,
na estação de primavera.

 

By betonicou 

Arte:printmaker Kerry Buck & Manuela Adreani