Ah,
não me negues voz para canção,
uma
flor que enfeita a primavera,
uma
paz que torna a alma singela,
luz
que aponta, mesmo que o tremular
manso
da luz de vela.
Não
me negues o canto da sereia,
o
amor de um instante,
a
flor que se solta ao vento,
descanso
para meu espírito caminhante,
mesmo
que em ventanias.
Se
desejo as brisas mansas:
não
me negues um brilho solto sobre a terra.
Se
soltas solta em meus delírios.
Se
cantas lírios, eu grito de quem preciso:
és
tu a luz do meu destino,
minha
estrada ou meu risco.
Vai
ver que fostes feita das estrelas;
eu
poeira me apego fascinante em teu brilho.
Vais
ver que és mundo, bem acima desta esfera.
Não
me negues noites tão festeiras,
uma
dança de lua, o teu fascínio.
Não
me negues flor de paraíso,
pois
se negas amor é teu declínio.
Não
me negues a pauta da canção,
a
voz, o riso; nesta dança seja o ritmo.
Sejas
silêncio que sufoca o grito,
beijo
quente que preciso,
amor
de flor do meu jardim das aquarelas.
Arte: by Yuri Matsik