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segunda-feira, 18 de maio de 2020

Sutilezas© Copyright


Ah, não me negues voz para canção,
uma flor que enfeita a primavera,
uma paz que torna a alma singela,
luz que aponta, mesmo que o tremular
manso da luz de vela.
 
Não me negues o canto da sereia,
o amor de um instante,
a flor que se solta ao vento,
descanso para meu espírito caminhante,
mesmo que em ventanias.
 
Se desejo as brisas mansas:
não me negues um brilho solto sobre a terra.
Se soltas solta em meus delírios.
Se cantas lírios, eu grito de quem preciso:
és tu a luz do meu destino,
minha estrada ou meu risco.
 
Vai ver que fostes feita das estrelas;
eu poeira me apego fascinante em teu brilho.
Vais ver que és mundo, bem acima desta esfera.
Não me negues noites tão festeiras,
uma dança de lua, o teu fascínio.
 
Não me negues flor de paraíso,
pois se negas amor é teu declínio.
Não me negues a pauta da canção,
a voz, o riso; nesta dança seja o ritmo.
 
Sejas silêncio que sufoca o grito,
beijo quente que preciso,
amor de flor do meu jardim das aquarelas.


By betonicou
Arte: by Yuri Matsik