
Se serenasse na primavera de um amor
e cantasse como ondas que anunciam o mar,
ilustrar-se-ia o cenário —
como quem pinta o céu
ante a luz que aponta o lugar de aportar.
Se desenhasse o farol que acenasse
ondas amenas num porto de calmarias,
visualizar-se-ia terra fértil
para brotos de ternas alegrias.
Caso ali a flor brotasse e se esvoaçasse,
feita pétalas de beija-flor,
em qualquer lugar que se plantasse,
germinaria em broto — flor amante,
rosa decorosa, corada.
Quem diria!
Seria luz brilhante, rubro diamante,
menina-flor que ali brotou,
graça de sagradas pétalas em romaria.
Brincar-se-ia uma guerra de lençóis de brisa,
onde o amor sopraria asas
de um respirar frenético.
A pele, feito cobertor;
o suor, orvalho de um amor não cético.
Orvalhar-se-iam numa alegria ousada de cabaré.
Seriam amantes: jardineiro e flor,
flutuantes ondas eriçadas,
ternuras trazidas pela maré.
By betonicou
Arte: Peter Mitchef