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segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

De dezembro, a janeiro© Copyright


Levantar bem cedo e viajar até o renascer. Entregar à vida um novo começo. Avistar pela janela o ano dourado que se aproxima. No fim da estrada, um cuidado, um recomeço.

As estrelas cintilam, até o sol forte ressurgir. A noite vai dormindo, com a lua a acariciar. De manhã, o sol desponta e os passos se aproximam. É a janela por onde se vê o janeiro renascer.

E outra vez a vida tem endereço. Sobre o parapeito se acena ao ano que vem. O adeus por detrás não vejo, mas saudade ou não, bem sei que conheço.

Ouço sinos leves que anunciam o vento novo. E uma brisa leve vem nos abraçar. Sobre a janela vejo o amanhã que nasce, e um pouco mais: os orvalhos quentes que nos elevam.

É chegado o fim de um ano que esperou o seu surgir. Vem o tempo com novo endereço de começo. É esperança soprada por um anjo, é toda a paz que desejo. É janeiro que bem mereço.

Betonicou©

- Arte:Artista Andrey Mashanov

domingo, 16 de dezembro de 2018

leveza,leveza © Copyright


Quero andar no caminho e chegar às margens de um rio limpinho. Sempre procurar uma flor para plantar nos meus sertões em desalinho. Quero ouvir uma canção bem singela, ouvir o gorjeio de tônicas leves de passarinhos. Ter alma leve e dançar nos terreiros de ribeirinhos; numa vida tão singela, onde desabrocham as flores e frutos dos espinhos. Voar o voo dos pardais e viver a vida simples, dos calmos moradores de quintais. Quero esperar para os meus caminhos os sinais. Quero andar sossegado nessas margens, onde encosto meus rios. Deixar para trás a poeira de todos os meus desafios. Quero a música leve dos habitantes dos matagais. Quero sentir a emoção dos sons singelos e orquestrais. Quero sentir sempre o cheiro do frescor de todas as manhãs! Sabor, café, canela, os pingos de orvalho nas hortelãs. Sempre chego sonâmbulo nesse sonho que verte as águas do meu rio. Sempre me entrego às cores deste meu mundo real e, às vezes, fictício. Quero abrir os olhos e visualizar a beleza aberta das frutas das romãs. Eu quero os pensamentos singelos e a conversa descomplicada fora do leito dos divãs. E se acaso retornar aos rios caudalosos e perigosos dos temporais: eu quero o cheiro singelo e doce das flores lindas das maçãs. Quero acordar-me por inteiro, com o cheiro de terra molhada, com o perfume doce dos lindos roseirais. Querer o sabor doce das frutas, da leveza das avelãs! Ser singelo e sereno no olhar de minhas duas estrelas irmãs.

Betonicou©




 Arte:judith clay



Desejo a todos os meus amigos, muita leveza e um feliz natal!




terça-feira, 13 de novembro de 2018

Desejosa despedida© Copyright



Tudo tem seu tom e, tem as cores, com seus tons tão raros. As rosas brincavam sob a chuva. Tão viçosas eram as rosas de vermelhos claros. As flores cobriram o meu céu com suas asas de ares perfumados. Pousaram silenciosas, as pétalas nesse campo de jardins de orvalhos e delicados. As vozes gritam, e eu mudo quero gritar também, e dizer que estou amando.  Tudo flutuava, em águas claras que levaram tudo embora e eu de cabeça fora gritava: estou chegando!

O céu era azul e, às vezes, escuro, com seu brilhante luminar dos amantes. As brisas acariciavam enquanto no colo, eu dormia um sonhar naquele mar de amor, das calmas ondas da paz dos navegantes. Era tempo de rir e sonhar os momentos extremamente válidos. A roupas que vestiam eram as mesmas da nudez dos instantes cálidos.  A vida é assim: tempestades de gritos dos sufocados.  O coração suporta, para o amanhã dos ares cristalinos, calmos e sossegados.

Tudo lá fora grita o abandono, mas são supostos acenos despedidos. As nuvens desenham os meus caminhos e o céu desaba meus tolos sonhos diluídos. A terra abraça os meus beijos e brota tudo, em flores de outono. Despencam sossegadas, as folhas de meu desejoso abandono. São caminhos escolhidos e os olhares para trás já não são ações e pensamentos validos. O horizonte abraça os meus desejos de caminhar também, e eu todo solto digo: está tudo bem. 



 by betonicou 
Arte: Adiian Maco & Peter Adderley 

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Desertos de Minas © Copyright


São ruas feitas de pó, mas são sementes de sol. São as tardes tão festeiras de danças e tem campos de girassol. São da terra os que nascem neste chão de ribeiras. São águas claras, são colinas verdes, íngremes ribanceiras.  Eu, nesse recanto, crio versos onde sonho os meus cantos. Vejo a luz refletida nessas águas e, então, vejo-me em singelos e ternos encantos.

 

São ribeirinhos contentes, são festeiros, essa gente que nos ensinam que a vida requer apenas viver e semear e que o pão pode ser colhido num bordado de roda de tear. Vejo a luz no horizonte onde se avermelha um sol. Vejo estrelas, que despontam, num cintilar docemente. Vejo as terras onde nascem os fios das águas de um rio; antes imponente. E eu nessa terra molhada pelas lágrimas, antes de encantos naturais, vejo as crias, que são esses:   filhos, ainda dançantes das gerais.

 

É um sonho esse chão onde se semeia nosso pão. Esse trigo dos versos que se cantam em oração. E ao longe, vejo um cavalo e suas patas dançam os versos das pessoas campeiras. Solto e salto de minhas altas amarras, num voo livre de aves ligeiras onde rasgo num sonho esse ar, ainda límpido das matas feitas capoeiras. Crio versos, onde sonho a saudade e essa ainda é livre; ainda que escravizadas as matas   mineiras.

 

São os sonhos de então, numa razão de solidão, onde lancei as minhas preces num bradar alto de desespero, em forma de oração. São meus sonhos feitos fumaça onde se dissipam em destempero, ao olhar as vestes verdes desta linda terra sumirem em tolo exagero!  Porém, ainda planto as flores no ermo da solidão e as rego com lágrimas de sofreguidão. Ainda sonho a poesia desta terra e canto uma saudade desde então.  Minhas lembranças ainda me fazem sonhar toda a esperança! Ainda sonho que tudo é bonito, feito dias de chão de criança

 





by betonicou 
Arte : Ciro Fernandes

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Espelhos horizontais © Copyright


Fui visitar a lua cheia, nos
 distantes siderais.
Anjos cantaram em minha face, no
meu sonhar mágico pelos mares
 desses ares.
Vi os que vivem além do mundo e
 quase sempre, os acima das nuvens
repletas de suas doces chuvas ou
 ventanias.
E vi descerem o planar suave ou
 insólito, das leves e, não menos,
 belas plumagens.
Pairavam ao senhor das
sublimidades.
 
Senti o orvalho bem antes de
molhar-me a mim!
Voei nas nuvens, rumo às flores
de todos os lugares.
Subi com as preces que diziam
 tudo sobre mim, e ai de mim, sem
 meus abraços, ninhos das asas
 claras, dos seres celestiais.
O mundo abaixo cintilava suas
 luzes ao redor de suas estradas
 do destino.
Destino seria eu, um dos ventos a
 tocar as coisas finitas ou
 eternas?
 
Ai de mim nesse chão de cristais,
por onde vejo a lua e a noite com
seus flocos de claridade.
Por onde os caminhos da alma
encontram os pés, num gesto de
 sossego, todo coberto de prece da
 bondade.
Nas poças d'águas entrei e viajei
para o além daquele espelhado
caminho sonhado.
A lua deitada sobre mim cuidava
 daquele meu sonho. Eu extasiado e
 acordado.

 






by betonicou


Arte:Marina Czajkowska


sábado, 25 de agosto de 2018

Irreal e solido © Copyright



Vejo esse quadro num todo geral. Vejo uma sala e vejo um quarto onde quero dormir. Vejo um voejar nesse meu ar escuro. Vejo um andar de montanha-russa e vejo um passar de minha história nesse espaço de descansar e de sentir. Nesse lugar, antes do despertar matinal, pinto as imagens que são para relembrar as minhas aventuras de dormir. Pinto a gaiola com seu homem-pássaro, que é para recordar que todo o sonho é fácil; até o de prender aquele pássaro e negar o seu voar nesse espaço de poder ir e vir. Sou passageiro do real, porém, trafego em todo esse ar das coisas não naturais. Sou o homem sem seu ar de glória e sou aquele sujeito que pintou a sua história nas paredes do seu quarto; que é para evocar e refletir. Quem ler, não deve acreditar ou desacreditar, pois são fatos desse meu mundo real ou transcendental. Quem ver pode acreditar, pois esse é o meu jeito de ver e sentir; bem natural. Vejo aquela janela matinal, por onde avisto aquele horizonte, por onde o sol desponta. Vejo, lá no longe, onde ficou toda aquela prosa. Vejo olhares incertos. Não sei se são simpáticos ou são apáticos, porém, isso ninguém me conta. Vejo aquele pássaro livre da gaiola, mas, com seus voos nada práticos, porém, simpáticos; isso, também ninguém me conta. Vejo o voejar livre da gaiola, mas, às vezes, não são voos práticos. Vejo que sente falta de seu cárcere, pois aquela prisão era o seu quarto de sonos plácidos. A liberdade, às vezes, é um cárcere de tijolos sólidos, num voo sem rumo e sem sinal. Tudo vejo no momento escuro dos olhos. As clarezas dos olhos claros dormem esse sono atemporal, naquele espaço de fluir.



Betonicou©

 Arte:Marina Chaykovskaya & Madam.pl

























sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Sossego © Copyright


E tudo em volta florescia, até os brancos lírios, sem pecado meu amor, e tinha a calmaria do anoitecer e do amanhecer.

Tinha as estrelas que cintilavam o acontecer e, o sol, acenando no horizonte, com raios, feitos Pétalas douradas de flor.

Sim, aconteciam acenos, mas não eram de fazer saudade. Tinham os cantos dos jardins bem ali, no quintal de minha mocidade.

Havia águas calmas nas torneiras de minhas preces. No ar, a voz, de minha terna e orada felicidade.

Lá no quintal, o mundo é sagrado. Há vertentes de águas calmas, da alma que orvalha, noite e dia. Há, o jardim santificado com o amor das azaleias, das rosas e, das tantas outras formosas e singelas perfumarias.

Lá, o vento ecoava calmo, pelas vias das minhas narinas. Tinha o vale, de minhas tenras brincadeiras, consagrado às minhas verdes, não amadurecidas retinas. Lá, onde mora, a primavera de todas sementes desabrochadas, antes batizadas, em águas cristalinas.




  

Betonicou©

Arte:Anna Silivonchik

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Fragmentos © Copyright


Eu acordei com pensamentos sutis
E refiz os teus cabelos de tranças, com tantos fios de seda cetim.
Eu acordei com saudades, ao lembrar-me das aventuras juvenis.
E revi numa canção a natureza de amar.
E aventurei-me nas proezas de saltar todos os abismos cruéis.
 
Pendurei-me na torre da capela,
e pintei de todas as cores as mazelas.
As velas que iluminavam as minhas aquarelas.
Cuidei-me de resguardar aqueles momentos
de escalar pelas limeiras com esses pés de galgar pelas cancelas.
Eu sepultei todos os sentimentos hostis,
e mergulhei nas águas; me levantei com pensamentos não febris.
 
Eu refiz toda a saudade, com os pensamentos férteis;
das emoções puramente civis.
Chorei de saudade de cantar sonetos.
Refiz-me meus caminhos que antes andavam pelos escuros guetos.
Eu tirei das lembranças momentos bons, de contentamentos,
e refiz todos os caminhos do meu tempo, que hoje, são uma doce lembrança.
 
Lembranças leves, que voam como a libélula
nos ares, ao sabor dos ventos.
Segurei-me nas asas transparentes dos puros e brancos discernimentos;
Memórias doces ao saltar de cima do peito.
Brinquei com teus cabelos de tranças, que deslizavam nas correntes,
dos meus divagantes pensamentos.
Eu tirei da saudade, brinquedos singelos, de crianças,
e rodopiando por entre teus laços atei-me às tuas rendas de puras e belas lembranças.
Senti as gotas de tempo a refrescar minhas memórias a ocasião.
Tempo de sarar todas as feridas e retroceder aos belos momentos.
Tempo de sorrir e não chorar, o que vaga agora no tolo esquecimento; quero alento, oh!
Eu relembrei com saudade esse pouquinho terno do tempo.


Betonicou©




 Arte: Anna Magruder &Anna Silivonchik


























segunda-feira, 16 de julho de 2018

Baile de circo © Copyright


Balas doces para adoçar a boca, pontas dos pés para dançar na rua, um café para comer tapioca, um chalé para se proteger da chuva, um gole para esquentar na maloca.

Uma pedra de palavras duras, um corre-corre de multidões nas ruas. Uma flor com poucas pétalas do que restou do mal me quer. Uma pétala, nas mãos, de quem bem me quer.

Duas janelas que expõem as paisagens da alma, Duas almas que se cruzam, uma ponte, duas faces, uma calma. Uma panela, um fogão, uma chama. Na cozinha duas mãos para resolver a trama. Um balde, uma corda e um poço com água no fundo. Uma boca e um nó na garganta ao sorver as águas do mundo.

Uma trilha, um cheiro, um vestígio de pegadas, um sol que se põe, uma sombra e uma caminhada. Água doce para a sede da alma. Na ponta do lápis: um ponto, um escorrego nas linhas da palma.

Tudo são círculos, são ventos no ar, São nuvens que choram, são sementes a brotar. São ondas eriçadas de cristas do mar. São vestígios da vida, são frases relidas, são frutos da alma, das realidades incontidas.

São as pautas do universo, onde se escreve todas as trilhas. E são sementes, são flores que desabrocham nas áreas das linhas vividas.

São gestos de aceno, ou são as bandeiras de largada ou são botos, ou tubarões, neste mar de águas afogadas. A calma e a ira são estrelas irmãs. O sol e a lua são noites e manhãs. São pedaços e são tudo; depende da vida vivida. São rios ou regatos, são vertentes da caminhada escolhida.

Tudo são pontos escritos em linhas. São saltos aos trancos, tal qual: circo, num mar de palcos e saltimbancos.


Betonicou©




Arte: Enigma da arte -clown on unicycle | Flick









quarta-feira, 20 de junho de 2018

Lençóis © Copyright



São todas as mulheres rosas perfumadas,
Lírios, ou flores de jasmim.
São paixões loucas dos fogos ocasionados,
Ou são os ramos amorosos que crescem em cada jardim.

São sonhos de valsas e musas;
Inspiradoras dos meus afins.
São também tudo o que sou.
É a mãe e outras mulheres, de todos os beijos carmesins.

São todos os sentidos que fazem os vícios,
De todos os costumes em mim.
Acaso são versos tolos e os brincados amorosos
Por debaixo dos lençóis de cetim.

E vagueio no vício desse meu cio sobre a tua luz
E, tu, aveludada beleza de flor me cobres de versos sem fim.
E, toda assim, me seduz.
São todos meus sentidos, os juízos que me fazem assim.

Ser teu passeio é vício, igual aos teus caminhos que teimo em sempre ir.
São as manhãs tão boas, após as noitadas à toa que deixamos sem poder sentir.
Aquele sono de precipício, onde caímos ruindo, sem poder fluir.
Parece que somos objetos sem cor, mas ai de mim se teus lábios não viessem em paz;
No pesadelo tolo, não viesse acudir.

Se tu passeias eu grito.
Aquele meu gemido, também, é juiz.
Tu, fogosa é formosura de flor.
Sou jardineiro; o poeta quem diz.
Se ali tu estiveres, entre todas as mulheres, o que faço de mim!?
Eu lhe darei mil rosas de amor e do cheiro: o adocicado odor de anis.
Se me esqueceres eu grito que estou aqui e, que perto, é que sou tão feliz.

  

Betonicou©


Arte: Gustav Klimt

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Fascinação © Copyright


Os pássaros se emudecem,
 esperando o beijo que sonhei e
 não tive.
Nenhuma melodia me lembra, nem
 sonho as visões que não tive.
Só os colibris sabem dos meus
 beijos,
E a sereia sabe da minha
 fraqueza, ao escutar o canto dos
 bem-te-vis.
 
Ainda me alegro no que plantei:
 os brotos de amor que molhei,
O olhar doce que achei quando
passei pelos teus olhos e não parei.
Às vezes, as canções me mentem,
 pois são as lembranças que
cantei.
Também são promessas não feitas:
até o amor que não falei.
 
Nada mais me espanta ou me
entende, neste amor que é a minha
luz.
São eternos os luares dos lugares
 onde este amor me puxa.
Ainda me aquece o que me entende:
 As frestas por onde vejo
estrelas,
O jardim de flores quentes e,
 ainda os portais por onde vejo o
amor.
 
As aves que trazem as estrelas
 nos bicos são as canções que
deste amor aprendi.
São os cantares, todas as
promessas feitas, até a carícia
quente que senti.
E são as palavras cheias de
 desejos, as letras que te inventei.
São orvalhos, os sons doces que
 sempre ouvi.

Betonicou©


quarta-feira, 9 de maio de 2018

Orvalho © Copyright


Seja como for! Seja a luz dos teus olhos que clareou meu destino. Os teus cabelos loiros ou negros, são fios que entrelaçam os meus carinhos E, as estrelas caindo, são de manhã os teus beijos de orvalho com o cheiro e frescor doce das hortelãs.

Seja o que for! Se é o tempo do meu destino, então me abrace todo, pois a alma pede e, que não seja fraco, que seja bem devagar. Clareia mais os meus olhos nos teus olhos azuis das borboletas que voam acima do meu leito; a minha cama é o nosso divã.

Na sua pele macia os meus beijos pousam e acariciam, E tudo basta, para sentir, sem ser preciso entender. É esse amor a luz que sinto e que nem o tempo apaga, ou apagou o destino. Aquele em que se dão as mãos e caminham felizes.

Lutar, talvez seja preciso. Mudar e florescer para acontecer se preciso for. As estrelas não caem, apenas são nossos fogos que estouram no noturno céu, essas que nos cobrem com as mãos, macias como aveludadas pétalas. O céu tão nublado de nuvens de amor deságua enfim. Os céus tão estrelados de flor consagro a ti.

Isso é amor e não se escolhe, apenas acolhe e colha o que você plantou em mim.


               

Betonicou©

Arte: Sérgio Lopes

domingo, 15 de abril de 2018

Ciranda, flor e mel © Copyright


Ontem eu vi e fiz o que sempre quis: Um pássaro beijando a flor, um beijo declarando amor e olhos deitados contemplando o céu. Vi fugaz a nave voando no ar azul e contemplei o que os lábios sentiram muito bem: um beijo que durava mais, o rodopiar do voar de uma flor, e o gosto que durava muito além!

Tudo eu quis do que sempre vi: Um jardim para plantar amor, o beijo delicado do beija-flor na flor que guardava mel.  Vi chegando as saias que rodopiavam muito mais e vi estrelas nesse mar de céu.  Senti também o gosto do que quero, até demais; no embalar no barco do amor, da flor que chamo de meu bem. 

Sempre quis  nessa doce ciranda  poder   brincar, mesmo nos dias que a chuva pingava fel. Sempre quis a flor de todos os roseirais e como orvalho quis  refrescar mais e mais;  voar nos lábios que guardavam mel.   sempre quis ir  um pouco mais além, às vezes,  seduzir sem pudor, perguntando: o que é que tem?



by betonicou
Arte:Svetlana Modorova

terça-feira, 10 de abril de 2018

Elementos © Copyright


Céu de brilhos intensos sobre a cama do meu saudoso relento. Escuro véu de brilhantes, anjos a pulsar no firmamento. Céu que na paz do instante me acarinhou no divino sossego. É esse mar de ar dos seres celestes, que quanto mais olho, mais ávido é o meu navegar e, onde todo, ainda mais me achego.

São essas águas do riacho onde escoam as minhas preces. É também, meu céu de amar, pois nele me batizo; ali minha alma acontece. São as águas desse espelho que refletem o verdadeiro eu que conheço. Estrelas, sol e lua aos meus olhos expostos no meu viver mais intenso. É ali, que de novo, todo eu amanheço.

Terra que aos meus pés acarinha, no meu ondular de andar. Sobre as montanhas trafego e vivo a tocar o sol e o luar. São as verdes relvas o manto da majestade terrena. São meus ossos e carne, feitos dessa matéria, no universo construída. Sou o pó das estrelas, de alma guardada, nessa dimensão toda escondida.

Há esse calor na alma. Tenho esse sol que todo o meu ser declama. Sou água, terra, fogo e ar. E do fogo a vida inflama. Sou fonte que verte águas de singulares rios, e sou a terra para a semente que preenche o espaço obtido. Sou o sopro alimentado pelo espírito desta chama. De elementos, castelo todo construído.



Betonicou©


Arte:Ivan Kupala &;Larisa Lukash



segunda-feira, 19 de março de 2018

Ruas © Copyright


Saía às tardes e era apenas mais um vulto. Saía entre os alegres ou entre as pranteadeiras de um sossegado morto. E era o sol poente a luz daqueles versos que nos preparavam para a noite e sua chegada. A lua que apontava, com suas estrelas de festas de rojões no céu, celebrando a boemia da frequentada madrugada. Saía no bloco dos ausentes e a chuva que chegou junto fazia dançar um pouco mais os sempre mais contentes. Saía sob as marquises, e ao lado das propagandas convincentes andava, sobre as calçadas, entre o sufoco de todas as gentes. Lá estava a dama de um convento e era a estrela tão procurada para o meu sufoco. Saía na vida feito alma desgastada e fugia do que ressentia; fugia de tudo um pouco. Passeava sob nuvens e um sol todo descontente que evaporava, de luto pelo findar do dia. Eu vi a esperança no cometa, que de tão servil levou Clarisse e Maria. Levou e arrastou nas celestes enxurradas todos os gritos que o silêncio ouviu e assistiu. Pensei num passeio, não tão comum e não apenas sair tão dissidente à espera de topar com quem não me viu. Dançar na chuva com o chapéu molhado e torto e me encharcar de tudo um pouco, de tudo que a tarde do escuro se vestiu. Sentei e no mata-borrão desenhei as vias tão torturadas. Escrevi sob as estrelas as letras tão procuradas e desenhei lembranças. Moram nas ruas todas as coisas mil! O mendicante enclausurado em seu estado civil com um cão que é seu conforto. O sabe-tudo, que de tudo é um pouco, até um simpático louco. Saía às tardes querendo noite, longe das saias da mãe gentil. Saía, de olhar tão torto, que nem vi quem se foi ou quem de mim se despediu.

Betonicou©

Arte: le Giorgini


quarta-feira, 7 de março de 2018

Inocente juventude © Copyright

Roupas vermelhas, brancas, quentes ou frias, são minhas fantasias. Pele clara ou escura, às vezes, são correntes para almas coloridas. Ao adentrar novamente nessa estrada, com minhas roupas desbotadas, manchadas pelo vermelho das ruas cruas, por onde insisti em andar.

Cada estrada é um destino de fantasias, em cada fantasia, um desatino. Estes são os contos fantásticos de um menino! Até voei com asas de aquarela, por entre as cenas coloridas dos varais, avistadas das minhas janelas.

Mereço as fantasias das minhas visões, todas figuradas! Destaco os voos nas costas da minha amiga, a ave mágica, em visões imaginadas. Num tempo mágico de juventude e inocência, ainda se vê em clarividência.

Nos meus sonhos, as ficções são realçadas, minha pele clara com pele escura, são minhas misturas de vidas sortidas. Nesta vida, de vida ou morte, sou uma janela de vidas muitas vezes refletidas!

Vi minha alma embarcar nas águas imaginárias, A esperança era a vela que segurava os ventos e conduzia às praias desejadas. Nasci das águas claras, feito peixe de rios. Transbordei da paciência, que de tanto amor chorei, mas depois me descansei nas mãos macias dos lírios.

Sonhei tudo o que pude imaginar com a inocência resgatada, tudo o que a alma pôde segurar, tudo que pude respirar e aspirar.




Betonicou©


 arte:вода рисунки e moebius fumetti


















domingo, 11 de fevereiro de 2018

Suspiro © Copyright


É a vida, é a vida, essa sentida
 saudade
Que é espinho em minhas feridas
 escondidas.
Amores, amores, meus cravos de
 dores.
Sonhar, sonhar, meu escape para
esses momentos sem cores.
 
É riso, ou o suor de meus sonhos
 de toda lembrança feliz,
Mas nada leve. Foi alegria tão
 ditosa,
Que vivo a divagar a ternura que
este mundo levou,
E que agora me deve.
 
É romaria, nessa travessia que
a alma tanto esse fogo carrega.
São os sonhares de todas as cenas
 gravadas,
E que aos meus sentidos a saudade
generosa, rude ou não, me
entrega.
 
É a vida, é a vida, é suor, é a
 mais crua sinalização de alerta.
É a falta do que era belo, é
desespero.
É o sentimento que guardo com
todas as rimas,
E também, com todo destempero.
 
É a ida que nos leva junto, e nos
 rouba uma fragilizada alegria.
É o vazio, sempre em sinal de
alerta.
Se bendito, não importa a ida,
 pois mesmo sofrido meu coração se
 liberta.
 
Adeus, Adeus! A alma sempre grita
 aos acenos tristes,
Debruçada nas toscas paisagens
das janelas.
São as pétalas que se separam
 deixando nua a flor entregue,
Às invernadas faltas de
 primaveras.
 
São essas lembranças os jardins,
onde brinco nos sonhos,
Todas as presenças das vividas
felicidades.
Adeus?! Adeus não existe, quando
ainda nos fica a saudade.
 
É a doída partida da vida, que o
seu próprio caminho,
Aqui nesse mundo não se mede.
É a felicidade, que para viver,
 do outro lado, no aceno se
 despede.

 

Betonicou©


 Arte: Galina Poloz

A saudade é a flor que brota no jardim da memória, regada pelas lágrimas do coração. A saudade é a luz que brilha na janela da alma, iluminada pelo sol do amor. A saudade é a canção que ecoa na voz da esperança, entoada pelo canto do sonho. A saudade é a vida que pulsa no peito da fé, movida pelo sopro do destino.




sábado, 27 de janeiro de 2018

Razões © Copyright



  

 


 


 


Trago no peito:

uma flor de lapela,

 uma gravata sem nó,

um enfeite, um cristal,

e uma pérola.

Trago um cravo,

uma rosa escondida,

um perfume, e um

espinho vivo na ferida.

No coração:  a batida,

um olhar pela janela,

uma breve oração,

uma fé de capela.

 

 

Trago no peito

as marcas de amor,

mas trago a felicidade,

contida, sem causa

de dor.

Trago junto ao corpo

uma sombra que me segue.

Trago uma sombra ,

uma sina, que me persegue.

Uma luz, uma vontade

singela, uma chama, 

um ardor de pingo de

cera de vela.

 

 

Trago os contrastes

que nos regem a vida

inteira:

o suor da vida corrida,

o sossego de vida solteira.

O calor do verão que

pede o frio de inverno e,

o frio ,que pede aconchego

materno.

O suor e o calafrio

dos tempos modernos.

Trago o choro, mas

esboço sorrisos sempre

singelos.


Betonicou©

 

 

 


Arte:Guy Denning