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quinta-feira, 23 de março de 2017

Asas de outono © Copyright



E tudo é como um vinho embriagante.
Tomado sem sentir nada.
É extremo feito o infinito
Mas é vazio de nada.
 
É tudo feito das asas acovardadas,
sem poder voar ao sol.
É como pés que trilham nas simples e retas estradas.
É o passar do tempo nessa estação tão fria,
de folhas secas e estagnadas.
 
Como uma estrela, num cintilar sem brilho,
ou a água que para sem chegar ao rio.
É essa vida desgovernada.
E tudo é tão estranho e tão frio,
de esfriar o sol.
 
E as folhas sempre caem temendo a colheita.
E aí se despencam numa poesia condenada.
É um voo perfeito, de tirar o fôlego,
até na calmaria desleixada.
 
E essa coisa do desespero, de mergulhar de vez.
Mas é poema puro de outono, toda essa chuva avermelhada.
Aí aparecem todas as razões que nos roubam as doces ilusões.
Tão queridas e tão sonhadas.
 
E esse vento que teima em nos puxar para a letargia.
Parece um sonho, de até sentir medo dessa calmaria repentina, ou subordinada
E ouço a melodia de amor; ou fúnebre?
E ouço a voz tão fria de minha timidez atenuada.
Tão fugaz é a covardia e o rubor de minha face,
ante uma batida tão descompassada.
 
E aí que bebo o vinho, numa noite escura e, também, tão fria e enamorada.
E tudo que devoro é minha lucidez.
É bebida fria, igual aos abraços frios que ganhei.
E todos os sentidos, do “talvez.”

              

Betonicou©