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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Delirante © Copyright

São esses horizontes que me levam para aquela estrada. Levam tudo dessa fonte de onde jorram as minhas águas. Vertem flores de lembranças, mas tudo são pétalas na ventania. Caem as folhas no seu tempo, mas nesse tempo, também gelam tudo, pois a lua, no alto de amor, se esfria. São as fases desse meu mundo que me levam para minha morada. É a sorte tão escondida, que quando se acha, é sorte tão desprezada. Porém, é tudo cena de um pesadelo, e os sonhos claros vêm no presente trazendo paz na caminhada. Na verdade, a luz me abraça em cores vibrantes, ou numa só, tão claramente esbranquiçada. É a eterna loucura de ‘Cervantes’, onde o moinho rodava as ilusões tão desfrutadas e, o terno cavaleiro brilhante, em seu corcel esquálido, perseguindo as quimeras nas delirantes noites caladas. Hoje dormi um sono de sonhar tão diferente e nas minhas noites escuras, até a lua sorri largo e gentilmente. Adormeci no jardim ao ar livre, com todas as músicas silvestres, tão bem orquestradas. Sonhei tão alto, num voo dos anjos amantes; e voei rasteiro e ligeiro nas minhas sensações, às vezes tão ilusórias e divagantes. Ah, coração! Esse meu peito, todo descompassado, declama as poesias tão apertadas e instaladas. Quem me dera um coração maior que meus amores e não apertar tanto o que a alma instala de emoções tão grandemente alargadas. Se é paixão, que se derrame e se perca nas enxurradas; se é ternura, que seja um mar, de águas claras e turmalinas. Se é amor, que seja claro, feito o dia: feito da clareza das águas doces e das minhas diáfanas e vertentes retinas.




Betonicou©