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sábado, 8 de outubro de 2016

Prosa caipira © Copyright


Uai, moço, venha para dentro, vai chover.
Na varanda, veja o riacho que vai correr!
De seu rosto, a alegria da criação,
Dos olhos molhados, do cheiro de pão,
Do barulho rasgado lá do ribeirão.
Nada é sina. Até a alegria que abre suas cortinas.
 
Na natureza, tudo se renova,
Até as brigas de amor e o laranja das tangerinas.
Veja aceso o céu por detrás das nuvens,
E de toda cerração!
Nas bandas de lá, é a ligação
Que faz brotar pra fora a semente na sequidão.
 
Olha, moço, a vida chove, e nos convida para ver.
Do céu despontam pingos de água,
Porém são às vezes, os pingos dos olhos que fazem florescer.
E o remanso de calmaria, depois do desaguar da aflição?
Uai, moço, veja as coisas de lá!
Lá, talvez não chova não.
 
Pode até ser que chova dos olhos,
E assim encher desse lado o seu coração.
A lua míngua e não está cheia,
Porém mesmo assim chama para cantar.
Pegue a viola e a garganta,
E vai pra fora farrear!
 
Veja, moço, o alvoroço, tudo espera acontecer.
São as morenas, loiras ou vermelhas.
Aquelas flores, que sua chuva fez amanhecer!
E lá na esquina tem as trilhas para cada céu...
Tem a branca dos cabelos dourados,
Tem a cabocla com beijo de mel,
E a chuva que desce como véu!
 
Tem a ruiva linda das curvas molhadas,
E a morena escura do sorriso de cor, do mais branco papel.
 


Betonicou©