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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Louca melodia © Copyright

Canta, passarinho, com voz inocente ao vento
E solta todas as notas que guardas no peito.
Sente a beleza e a tristeza do ar que respiras
E transforma em canto de criança as notas fúnebres.
 
Canta as preces que te dão conforto e esperança.
Hoje eu acordei com os pardais e saudei a luz
Que nasce para todos os mortais.
Pedi uma prece adormecida, amordaçada em bicos silenciosos.
Pedi ao calado um silêncio cantante
E me encantei com os gestos racionais.
 
Por que me cantas a lembrança, ó falsa esperança,
Nos bicos dos rouxinóis?
Eu vi meus restos emocionais espalhados nas águas dos baixos
E escondidos lençóis.
Canta a prece, mas cala a voz da música iludida.
Aquela que teima em musicar a dor incontida.
 
Gorjeiam os pássaros ocultos por entre as árvores,
Para que não descubram a paixão escondida,
Porque o passado sempre vem no presente buscar
O blues dos perdidos.
Então canta a melancolia e canta os bemóis aflitos.
Porém, perdidamente tão bonitos.
 
Porque a saudade é o tempo para passeios na inocência perdida.
Não o tempo das recordações, das paisagens destruídas
Ou meramente diluídas.
Canta a poesia dos cegos, pois esses podem ver
Um mundo pintado de confiança.
Canta a poesia dos mudos, aquela voz calada,
Até diante da louca e tola lembrança.



Betonicou©