Vou renunciar às amarguras,
libertar-me dessas coisas que me causam dor e calafrios. De todos os sorrisos
forçados, reterei apenas os graciosos de crianças. Recortarei todos os versos
belos para enfeitar minhas paredes, não com bemóis, mas com sustenidos.
Elevarei meu espírito em pura ternura, e farei da alma um barco que navega por
mares de suavidade.
Quero refazer meus caminhos,
aqueles dos quais o coração teimou em desviar-se. Recolherei todas as águas
turbulentas para banhar-me sempre que meus olhos necessitarem. Transformarei
todos os momentos em brisas, antes que qualquer febre possa me queimar.
Verterei a calma das fontes tranquilas, e o rumo certo que do novo nasce.
Ver o acerto que não pensamos,
pensar no pouco de bom que precisamos. Fazer a diferença, mesmo que no pouco
que basta. Quero guardar meus segredos, da saudade ressentida. Sorrir e
sepultar as dores, numa alegria incontida.
Lembrar o que é belo, e a
certeza de celebrar de novo. Rever a parte perdida, no meio do palheiro que é
esse povo. E entregar-me todo aos meus versos, e soprar como brisa em cada
rosto. Cantar a canção singela, o tom alegre, que será tanto ao crescer, todo
renovo.
Não renegarei minhas estrelas,
aquelas que avistam e avisam o mau caminho. Temperarei meu sol com brisas e o
cuidado de um ninho. Crescerei de novo, todo este brilho; agora pequenino. Não
renegarei a esperança, a de renascer e crescer a cada dia.
Colherei os frutos, e as flores
da amplitude! Quero sempre o singelo, e a harmonia da eufonia.