Eu não sei onde estou! Ainda não
me encontrei… espero que eu seja diferente, do jeito que eu sonhei, pois não
sei aonde vou, ou se alço voo das ruas apertadas. Sou passageiro das aventuras,
destas vias desesperadas.
Nas ladeiras da vida, foi onde me derramei, quase por inteiro.
Das íngremes subidas, foi onde me despenquei, tão brasileiro! Eu passo pelas
ruas escuras, procurando diversão… Eu avisto as calçadas, onde repousa
dormindo, toda essa minha razão.
E sempre procuro algo desigual, em todas as avenidas por onde eu
passo. Aí eu vejo as “Marias” desfiguradas… feito um quadro distorcido de
Picasso. Eu não sei como se desfigurou todo esse meu tempo presente… Eu só sei
que pulsa este meu coração, intranquilo; quase sempre indolente.
Eu não sei pra onde subir! Tenho asas de papel machê. Eu só
quero voar leve, feito um anjo inocente. Eu quero ser o mocinho dos filmes
infantis de matinê!
E nem sei se voei em meus delírios, todo aquele meu sonho
ausente. Eu não sei mais nada das ilusões. Estou bem aqui, todo prudente! Eu
sou assim, todo pulsante; sinto-me tolo, emotivo… Eu sei quase tudo dos meus
medos. Quero um sentido para amar; eu quero um motivo.
Os meus olhos veem nos céus, todas as nuvens do meu juízo! E
minhas partidas são um adeus de acenos; não meros comedidos. Eu também sou
paixão transloucada, sou paixão às vezes, dos amores desmerecidos. Eu sou todo
igual, ou diferente. Sou complexo, ou sou simplesmente.
Eu quero que um vento me procure, pra subir também bem
brasileiro! Eu quero cantar outra vez e sorrir, sem choro, e pousar sem
desespero.