De todas as mulheres, tu és sempre a mais fácil. E o que faço de
mim? Faço de mim vaidade. Faço de mim todo cuidado para agradar-te, sou sempre
assim. Faço de mim uma rua, onde passeia nua, numa meia-luz. E tu vagueias,
vaidosa, feito flor em teu jardim, audaciosa, toda conduz.
De todas as mulheres, é a verdade infinita que toca em mim. É a
poesia que sou, minha musa inspiradora, embrulhada em lençóis brancos de cetim.
Agradar-te é meu refúgio e os meus olhos enchem-se de brilho com a tua luz. E
eu vagueio nos teus caminhos de amor e teu jardim, todo sedoso, induz.
Tu és os meus delírios e todos os meus sentidos tornam-se
rubros, carmesins. Fazes de mim vergonhoso, e trazes à tona o que sou. Meus
segredos de amor dos botequins. Agradar-te é sempre um risco, mas em meus
delírios, és a minha luz. E eu aceito teus gestos de amor! O teu jeito agora
solto, é o que tudo seduz.