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domingo, 22 de março de 2015

Desajeitados e cômicos © Copyright

Brincamos de tudo um pouco nesse parque
temático
Nascemos de uma vez só nesse parto
dramático
Bebemos a água engarrafada desses plásticos
sintéticos
Comemos uns caracóis como se fosse um
 prato exótico
 
Vivemos nas multidões como se fôssemos o
último ser autêntico
Perdemos nossas vontades e nossas loucuras
são tímidas e céticas
Fazemos da plateia a nossa marionete de
gestos e risos patéticos
Subimos na plataforma, mas encenamos tudo
de forma lúdica e poética
 
Perdemos toda a vontade de fazer as coisas
boas ou irônicas
Brincamos sempre neste circo como palhaços
de um filme trágico
Fazemos tudo errado, como o uso da tampa
num sanitário público
E fazemos um carnaval ao subir nas rampas de
um palácio estático
 
Escondemo-nos por entre as bandeiras,
fingindo ser todo pudico
Sentimos um desespero ao doarmos todo o
nosso lado romântico
Choramos um desenterro, querendo amar um
morto de frio ártico
Vivemos uma metamorfose e somos beijados
por um príncipe anêmico
 
Atrapalhamo-nos por ansiarmos os desatinos
de um desejo ávido
Subimos na ribanceira para mergulharmos
num lago de lixo tóxico
Cantamos uma melodia desafinada; é a cena
de uma vida caótica!
Queremos ser o tal e rabiscamos no quadro
uma fórmula quântica
 
Não soubemos explicar e preferimos balbuciar
uma reza tântrica
E sofremos a alucinação dos cogumelos
de uma explosão atômica
Atrapalhamo-nos com a timidez, ou com a
 inverdade fantástica
E sentimos o desespero quando fazemos tudo
errado, querendo de tudo fluir
 
Tropeçamos a cada passo quando tentamos
dar tudo certo, sendo que o certo é correr e
fugir
Tropeçando e cambaleando, tentamos das
arapucas sair
E queremos mesmo é viver tudo, sentir tudo,
antes mesmo de partir!

 

 

 

Betonicou©