A gente nem entende quando o dia está bom
E
tem dias de contramão
Tem
faróis acesos para apontar o nada
E
tem o escuro, que se torna uma luz súbita na escuridão
Tem
coisas que acontecem de repente
Feito
um tocar de mãos nas multidões
Tem
multidão descontente, feito bêbados
Numa
escola de fanfarrões
Tem
a fanfarra dos contentes
Mas
tem os perdedores falastrões
É
um carnaval essa vida
E
tem aquele samba de cantar e dançar
Tem
fumaça no ar dessa gente
Que
respira a dor que o chicote pode dar
Tem
fatos que a gente acrescenta
Às
palavras que faltam pra contar
Tem
conto que a gente inventa
Alguma
fábula que é para poder temperar
Tem
ventos que começam com brisas
Secando
as roupas no varal
São
esses varais, onde penduramos nossas peles
E
nossas máscaras de fundo de quintal
Tem
histórias que a gente ouve e sente um medo incontido
Tem
esse medo que a gente só esconde
Por
sermos apenas, mais um corajoso atrevido
Tem
sempre uma gente contente, apesar das lutas desiguais
E
há sempre a gente descontente
Querendo
de tudo um pouco mais; muito mais!
E
há sempre um jardim regado das chuvas frescas nos quintais
E
tem as rosas que espetam todos com seus espinhos
Pois
apesar de tudo: somos todos homens iguais.
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