Serenou numa noite fria... Teu calor
voltou, e com olhar de lua, com ternura olhou. Teu Corpo molhado de
sereno esfregou-me. Tua flor vermelha rubra sossegou-me, e teu sorriso alegre
desafogou-me da tristeza. Serenou sobre mim teus olhos de deusa voando, além
das tempestades que surram o viço. Sobre mim pousa teus cabelos negros afogando-me,
em teu cheiro de doce feitiço. Sobre a pele crua nos derretemos nos segredos. Serenou numa
manhã, nos jardins de nossa Infância, onde dançamos nossa doce ciranda desfazendo-nos,
de nossos inocentes medos. Nessa brincadeira de roda, nos desmanchando em
beijos. Serenaram em nossas cabeças os leves pingos de amor, nesse nosso
pequeno espaço de brinquedos. Serenou sobre as pétalas brancas, o sereno rubro
de desejos... Respingou sobre as flores murchas, nossos anseios ávidos de odor.
Reacendeu sobre elas o fecundo farto de repentinos lampejos. Fecundaram-se no jardim,
novos rebentos de flor. Orvalhou na sequidão, no deserto de nossos negros
medos. Neste momento de orvalhos serenos faremos deste curto espaço de ensejos,
versos claros de amor; sem anseios. No vazio murcho das folhas de outono
orvalhou Respingos de cor. Serenou, em nossos secos segredos.
bybetonicou