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sábado, 2 de abril de 2011

Saudade © Copyright



Procuro-te por entre as estrelas.  No escuro vazio procuro tua luz . A imensidão amedronta e  minha alma solta um grito,  como ver em meu limite humano?

Em um repentino espanto vasculho, toda a grandeza que encontro, até onde vai meu olhar, em completo desatino... Como em um lampejo de sonho, toda a beleza contida na imensidão escondida.O sol radiante tenta,  em vão esconder tua luz que tão distinta brilha,  em singular cintilante... sua presença o ofusca,  em uma fagulha calma, perene, em terno momento constante.
As estrelas pulsam radiantes, mas não tão forte,  quanto meu coração teima em pulsar.... e neste imenso vazio te vejo, te desejo e teu olhar torna a  afastar-se em tempos distantes.
É a solidão que sufoca o peito, o afoga em imensa saudade... Vislumbro a imensidão do mar que em um azul profundo me limita notar,  escondendo o que busco e almejo buscar em teimosa ansiedade.  Agito as águas profundas, e tu ainda tão longe, de qualquer e tocável  realidade.
Onde mirar? Nas profundezas do mar, em  sua escura  beleza? Estarás escondida  entres os corais, em abismos,  ou em minhas vãs e tolas  incertezas? Em repentino retorno à minha realidade e  percebo que  despertei-me   de um sonho.  A realidade tanto  me intriga e  tua falta, tanto fatiga que até me vejo a a mergulhar  nesse constante divagar, de  um andar tão tristonho. 

Entre corais e verdeais,  entre anseios intensos procuro.  Por entre os caminhos te busco, por entre as flores remexo. Ainda que não possam conter tamanha beleza, mas de procurar insistente, nunca deixo.... Onde estará você?  Você e’ o anseio que quero e meu sentimento profundo... Minha joia perdida. Por onde andas?!   A saudade aperta e  nas lembranças me afago, mas ao mesmo tempo, me conforto na joia que trago.... pois tenho, comigo guardado  no peito a tua lembrança  e ainda retenho nos lábios,  a doçura de mel do teu beijo roubado.

           by betonicou

domingo, 27 de março de 2011

Tique-taque © Copyright


Tique-taque, tique-taque. Ouço o som de um velho relógio. Dia após dia, na parede ou em algum lugar escuro, existe um som: um velho tique-taque. Ouço o gemido mórbido de um velho relógio. Dia após dia, mal cadenciado, pulsando num breve pulsar de vida. As engrenagens vão se roçando, tentando alcançar harmonia... Trabalho lento, letargia... É a triste lida de um velho e teimoso relógio que, ainda, em um último suspiro de vida, teima em trabalhar... Teima em servir.

Tique-taque, tique-taque. No caldo do tempo, me escaldo de instantes, frações apontadas por ponteiros de relógios que dormem. Do atemporal, carregado de fatos que se contam no cantar de um cuco. Na solidão do pássaro, resta-lhe a toca, um casebre feito de molas e trancas. O cuco geme um canto de idas e vindas.

A solidão tem voz de quem aprisiona num tempo rude e escuro, em madeiras que cheiram a mofo de eras intermináveis. Nesse caldo, derramado de segundos e séculos milenares, a canção atormenta, de hora em hora. É a prece à liberdade, a liberdade que encarcera nos lembretes do tempo. O cuco não canta: planteia lágrimas de segundos.

No declínio do tempo, o cuco silencia. Rendam-se as horas, partam-se as correntes, pois das lágrimas de segundos, da solidão do pranto, encarcera-se as horas. E, na fuga do instante, nasce o eterno.